Paixão compartilhada: leitores falam sobre experiência em Clube de Leitura
Conheça os prazeres e ganhos de se discutir obras literárias em encontros numa livraria muito especial
A leitura costuma ser uma paixão solitária, mas quando compartilhada torna-se mais enriquecedora e até cria vínculos. É o que têm descoberto os participantes dos clubes de leitura – encontros marcados para discutir títulos literários – de A Degustadora de Histórias, sebo, livraria e café no Centro de Ribeirão Preto.
Foi sua proprietária, a advogada apaixonada por literatura Melissa Velludo, quem teve a ideia, em plena pandemia de coronavírus, de promover encontros online para discutir livros adquiridos no local. Deu tão certo, que a iniciativa foi mantida no formato presencial e ainda rendeu frutos. “Começamos com mais ou menos 30 integrantes e hoje temos uns 400. Criei 15 clubes de leitura, cada com um tema. Tem um de Clássicos Brasileiros, outro de Clássicos Estrangeiros, de Distopias, um Clube do Crime só com obras de suspense, o Voz das Minorias, o Livros e Vinhos, em que lemos um título do país enquanto degustamos um vinho de lá, e ainda o Livros & Drinks, com obras e drinks da América Latina, e assim por diante”, conta Melissa, que é a curadora em quase todos eles – em alguns, os títulos são escolhidos pelos mediadores.
Os encontros são sempre presenciais e ocorrem n’A Degustadora, com periodicidade quase sempre mensal – um ou outro é bimestral, diz Melissa.
Confira depoimentos de alguns participantes sobre a experiência.
Diversidade
O que mais me encanta n'A Degustadora de Histórias é a diversidade, tanto de livros (cuja escolha é magistral), como de frequentadores. Diversidade essa que nos abre para o mundo. Prova dessa abertura de cabeça foi que o livro que mais gostei de ter (re)lido, por influência da livraria, foi “Cem Anos de Solidão”, detestado na minha primeira leitura e amado agora.
Marina Sampaio Gutierrez, funcionária pública federal aposentada
Lugar de afeto e leitura
Para mim, A Degustadora é um lugar de afeto e de leitura, que agrega muito à minha vida pessoal. Quando você lê um livro podem passar sem perceber diferentes nuances que outras pessoas percebem, então eu acho a discussão bárbara! E claro: você pode conhecer pessoas. “Você me Espera para Morrer” é um livro de que gostei bastante, da Maria Fernanda Elias Maglio, autora brasileira que mora aqui na região. Eu gosto de leituras que que tragam a realidade dura.
Olívia Chagas Motta, servidora pública federal
Privilégio
O privilégio de participar de clubes de leitura é a possibilidade de contato com obras que provavelmente não conheceria de outra maneira. Poder compartilhar e trocar com os colegas permite uma segunda experiência com a obra. Tenho dois livros preferidos dos clubes: “Nem sinal de Asas”, da Marcela Dantès (Clube de Literatura Contemporânea) e “A Palavra que Resta”, do Stenio Gardel (Clube das Minorias), de escritores brasileiros contemporâneos que trazem temas difíceis, porém importantes.
Marina Silva Campos, pediatra
Livros & Vinhos
A leitura é um hábito solitário por excelência, daí a importância dos clubes de leitura: a troca de ideias e de impressões sobre as obras lidas. Às vezes, a opinião de alguém revela uma faceta do livro não vislumbrada. Sou mediador de um dos clubes (Clássicos Estrangeiros). É difícil escolher um título favorito, mas posso destacar “Eva”, de Nara Vidal, e “Cupim”, da espanhola Layla Martinez, lidos em um clube que é o carro-chefe da livraria, dedicado a lançamentos recentes no mercado editorial: Livros & Vinhos.
Sérgio Eduardo Barreto Mayr, funcionário público federal
Incrível!
Conheci os grupos de leitura pouco antes da pandemia, em 2018. Achei incrível!
Me integrei à Degustadora de Histórias, uma livraria diferente. Livros fascinantes, ótimos debates, experiências gastronômicas, fãs da leitura. A mesa de reunião ferve a cada encontro. É difícil falar sobre o livro que mais gostei. Vou apontar o último que me impressionou: “Limpa”, da chilena Alia Trabucco Zerán, pela intensidade da personagem principal, a clareza das emoções e o estilo da escrita.
Mirtes Wiermann, jornalista
Quatro prazeres
Eu gosto de várias coisas nos clubes. A primeira é a conversa sobre o livro, que me ajudam a ter um olhar mais diverso e profundo sobre a obra. A segunda coisa é a interação com as pessoas. A terceira é a excelente e cuidadosa curadoria feita pela Melissa. A quarta coisa é a variedades de clubes – tem para todos os gostos. Citar só um livro é muito difícil, mas vou escolher “Você me espera para morrer”, da Maria Fernanda Elias Maglio, que mais me surpreendeu e tocou emocionalmente.
Fernando Cesar Fioco, auditor fiscal aposentado
Uma delícia!
Os clubes de leitura são uma delícia! Sempre conhecemos novos amigos e a troca de experiências que temos é muito legal. Cada um traz suas emoções e percepções sobre a leitura e saímos com uma versão diferente e mais completa daquilo que lemos! Responder qual livro mais gostei é difícil. Vou citar um dos que mais gostei no último ano: “O Clube do Livro do Bunker”. Trouxe muita alegria ver como somos capazes de acolher e amar uns aos outros, mesmo em situações muito difíceis.
Juliana de Andrade Mura, arquiteta
Transformador
Participo de vários clubes de leitura n’A Degustadora de histórias e acho extraordinária toda a interação e troca de interpretações que a experiência dos encontros oferece. Muitas vezes chegamos no clube com uma percepção sobre a leitura e saímos de lá com várias outras. É transformador! A curadoria de lá é muito certeira e ligada nas novidades, especialmente da literatura contemporânea brasileira. Um dos clubes que mais amei foi do livro "Amanhã eu Morro", de Hugo Ribas.
Thais Trugilio Alecrim, bancária
Luan Porto
