Associações comerciais paulistas se manifestam sobre crise
O objetivo é alertar a população
O atual momento do País tem despertado a atenção de comerciantes do Brasil todo. As Associações Comerciais do Estado de São Paulo, reunidas no 16º Congresso Estadual da FACESP – Federação das Associações Comerciais, manifestaram, por meio de carta, uma posição sobre este período.
De acordo com as associações, o Brasil amarga uma grave crise que não é só econômica. "É também política e ética, potencializada pela falta de liderança em todos os segmentos. A classe política enfrenta o descrédito da população. Os órgãos governamentais e os serviços públicos não funcionam como deveriam. Os valores éticos que deveriam nortear a conduta dos homens públicos e dos empresários são manchados pela corrupção de alguns, que não querem servir, mas sim, se servirem do Brasil. O clima de impunidade assegura o sucesso dos negócios escusos”, afirmam em documento.
Os comerciantes escrevem ainda que a nação brasileira nunca precisou tanto de um choque de moralidade e de gestão para despertar do perigoso caminho que está nos levando para o abismo. No documento, são elencadas "atitudes necessárias por parte dos homens públicos", para que o País retorne ao eixo.
Veja os itens selecionados pelas associações comerciais paulistas.
1. O Governo Brasileiro tem que se comportar de acordo com a nossa realidade, coibindo o eterno festival de gastança inconsequente. Gastar menos e gastar melhor.
2. Os partidos políticos, que se servem dos ministérios como moeda de troca, têm que ser reduzidos ao mínimo necessário para sustentar a democracia, o que exige uma reforma que leve não apenas à redução de seu número, como assegure o respeito a seus programas.
3. O número de ministérios tem que ser reduzido a uma quantidade mínima para atingir a eficácia, em vez de servirem de cabide de empregos ou para barganha política.
4. Os Governadores dos Estados têm que desenvolver ações para a coesão nacional, para que possa prevalecer o verdadeiro espírito federativo.
5. O sistema eleitoral tem que ser revisto para conter o poder de máquina pública, tão coercitivo nas campanhas eleitorais, eliminando-se a viciada reeleição.
6. As estatais, autarquias e agências reguladoras têm que ser controladas para não se tornarem agências de negócios ou de concessão de privilégios.
7. O Senado, a Câmara e as Assembleias têm que eliminar privilégios de seus representantes e reduzir seus custos, mirando nos exemplos da austeridade dos países desenvolvidos.
8. O sistema representativo tem que passar por reengenharia saneadora, revendo a quantidade de senadores, deputados federais e estaduais. E os vereadores devem integrar as Câmaras Municipais como prestação de serviços à comunidade, absolutamente sem remuneração e mordomias.
9. Todas as divisões, subdivisões e ramificações do Poder Judiciário têm que se afinar estritamente ao cumprimento da Lei, sem vantagens adicionais que possam representar privilégios.
10. O sistema da Previdência Social deve ser revisto, eliminando-se privilégios de grupos e assegurando a todos os aposentados uma retirada da vida profissional com dignidade e sem miséria.
11. Os gastos públicos em todas as esferas de governo têm que ser reduzidos. A gestão pública tem que ser aprimorada com base na meritocracia e os investimentos devem ser estimulados por meio de parcerias com o setor privado.
12. Deve-se rever a intervenção governamental na atividade empresarial ao mínimo indispensável. A burocracia deve ser radicalmente diminuída e a tributação simplificada, reduzida e racionalizada.
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Fotos: Rafael Neddermeyer