Pesquisadores da USP de Ribeirão descobrem ‘ação política’ de abelhas

Pesquisadores da USP de Ribeirão descobrem ‘ação política’ de abelhas

Foi observado que as abelhas fazem 'concessões’ para obter vantagens no futuro; Trabalho foi publicado na revista Scientific Reports

Pesquisadores do Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da Universidade de São Paulo (USP) constataram durante um estudo que as abelhas também adotam práticas “políticas”, como fazer concessões, para conseguirem vantagens futuras.

Eles identificaram que as fêmeas dominantes das abelhas das orquídeas concedem às fêmeas subordinadas de suas espécies maiores incentivos reprodutivos de forma a que permaneçam no ninho e auxiliem nas tarefas “domésticas”. Já suas irmãs ou filhas, que vivem na mesma colônia, não têm privilégios semelhantes.

Essas abelhas subordinadas aparentadas, no entanto, aceitam esse tratamento desigual porque, como estão na linha de sucessão para se tornar dominantes, têm a esperança de herdar o ninho, uma vez que fundar uma nova colônia sozinha seria mais arriscado, revela o estudo cujos resultados foram publicados na revista Scientific Reports, do grupo Nature.

“Como as não aparentadas não têm o incentivo de estar na linha de sucessão e de um dia herdar o ninho, elas necessitam de um incentivo maior para continuar na colmeia. E esse incentivo é o acesso à reprodução”, explicou Fábio Santos do Nascimento, professor da FFCLRP-USP e coordenador do projeto.

Uma das hipóteses dos pesquisadores para esse tratamento diferenciado que as fêmeas dominantes dão às subordinadas não aparentadas em comparação com as subordinadas é que o retorno genético entre as fêmeas subordinadas aparentadas compensa uma menor participação delas na produção direta de ovos, uma vez que têm a possibilidade de tornar-se dominantes e reproduzir.

Segundo Nascimento, já as não aparentadas necessitam de incentivo reprodutivo maior para permanecer no ninho e auxiliar a fêmea dominante, assegurando a associação. “Podemos chamar essas abelhas de ‘políticas’ porque controlam e capitalizam sobre a reprodução direta de suas subordinadas não aparentadas e aparentados de acordo com seus interesses”, afirmou Nascimento.

*Com informações Agência Fapesp


Foto: Carlos Natal / Divulgação

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