Em Ribeirão, Raí se diz desapontado com continuísmo na CBF

Em Ribeirão, Raí se diz desapontado com continuísmo na CBF

O ex-jogador explicou ao Portal Revide a importância da participação da sociedade nas mudanças do futebol brasileiro

O ex-jogador Raí, que na terça-feira, 15, fez um protesto na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no Rio de Janeiro, junto com os também ex-jogadores Alex e Dijalminha e o treinador Paulo Autuori, contou ao Portal Revide quais são os objetivos do movimento, que pede mudanças no futebol brasileiro.

O manifesto chamado #OcupaCBF também conta com apoio de diversas personalidades, como Chico Buarque, Pelé,  Wagner Moura, Jô Soares entre outros. O bicampeão mundial pelo São Paulo, e tetra pela seleção, chamou a atenção para participação da sociedade no pedido de mudanças na CBF, que definiu nesta quarta-feira, 16, um novo vice-presidente, o presidente da Federação Paraense de Futebol, o coronel Antônio Carlos Nunes de Lima, que em caso de renúncia de Marco Polo Del Nero, atual mandatário da entidade e que é investigado pela polícia federal dos Estados Unido (FBI), guiará o futebol brasileiro nos próximos anos.

Raí acredita que essa participação de pessoas de fora do futebol representa um clamor aos clubes apoiarem as mudanças. “Cabe agora aos clubes e às federações definirem se querem que o futebol brasileiro siga da mesma forma, fechado, com falta de transparência ou se querem uma transformação, uma mudança para algo que a gente se orgulhe e que tenha condições de dar uma melhor estrutura para o futebol brasileiro”, aponta.

O tetracampeão do mundo afirma que as manifestações contrárias à CBF não devem ficar restritas ao campo de futebol, já que os jogadores não são os únicos afetados pelas decisões dos dirigentes.

“O jogador que está em atividade às vezes fica numa situação constrangedora, porque eles estão representando um clube, e ele está lá como um jogador representante de um movimento (como o Bom Senso FC), o que cria situações complicadas. Mas acho que o Bom Senso FC deu exemplos importantes, com algumas manifestações dentro de campo, bem organizadas. Acho que isso pode voltar acontecer. O que nós fizemos ontem faz parte de um processo. Agora não são só os jogadores, não é só o Bom Senso FC, é também a sociedade que está exigindo algo digno para o esporte”, define o ídolo são-paulino.

Mas Raí se diz um pouco decepcionado com esse envolvimento dos clubes, já que a maioria alinha pelo continuísmo. Na eleição desta quarta-feira, por exemplo, os sete clubes paulistas com direito a voto na eleição da CBF – Palmeiras, Corinthians, Santos, São Paulo, Ponte Preta, Bragantino e Oeste – votaram no coronel Antônio Carlos Nunes de Lima, eleito novo vice-presidente da entidade.

“É uma decepção grande, acho que falta ouvir os representantes dos clubes, que são os torcedores. E mais do que isso, o futebol brasileiro está estagnado há mais de 20 anos, período que a gente está vendo que a qualidade técnica caiu, a projeção internacional do futebol brasileiro despencou. Hoje em dia, quando os times brasileiros jogam contra os times europeus é uma diferença gigantesca. É uma hora de mudar. Virar esse jogo, e quem pode fazer isso são os clubes. Não há decepção maior que os clubes, que são cumplices desse sistema, que ficam nas mãos desses cartolas e não querem se organizar para ser parte da mudança e tomar parte da responsabilidade para si”, concluiu Raí.

Foto: Agência Botafogo

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