Elefanta Bambi ainda não se adaptou à caixa de transporte e continua em Ribeirão

Elefanta Bambi ainda não se adaptou à caixa de transporte e continua em Ribeirão

Biólogos e profissionais do Bosque Fábio Barreto seguem tentando aclimatar animal à caixa para transferência

Profissionais do Bosque Fábio Barreto de Ribeirão Preto e do Santuário de Elefantes Brasil (SEB) continuam com o processo de aclimatação da elefanta Bambi à caixa de transporte, nesta quarta-feira, 23.

O procedimento tinha previsão para ser concluído na terça-feira, 22, porém, o animal tem apresentado resistência em ficar dentro do container no qual será transportado para o SEB, na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso. Com isso, o procedimento deverá levar o tempo que for necessário para transportar o animal da maneira mais natural e menos invasiva possível.

Segundo o biólogo Daniel Moura, diretor do Santuário, apesar da estimativa, o processo leva em consideração o tempo de adaptação do próprio animal. "Nesse processo de aclimatação, o animal entra e sai da caixa, sente o cheiro dela e o estimulamos de maneira positiva a ficar lá. Mas o processo tem que ser natural, sempre no tempo do elefante, nunca no tempo do humano", explicou Moura. O diretor frisa que nenhum tipo de sedativo é utilizado durante o procedimento de aclimatação nem durante a viagem. "É um transporte ético", comentou. 

Alexandre Gouvêa, diretor do Bosque, contou à reportagem que na manhã desta quarta-feira, 23, a outra extremidade da caixa foi retirada, a transformando em uma espécie de túnel para facilitar a aclimatação da elefanta, que pode entrar e sair sem maiores problemas.

Para auxiliar com reforços positivos, os cuidadores colocam alimentos na caixa para que Bambi se acostume com o espaço e o cheiro do novo ambiente. Porém, nas vezes em que ficou na caixa e os cuidadores tentaram a fechar, a elefanta apresentou resistência. "Ela vai até a caixa e volta, como se a porta estivesse fechada. Ela pega o alimento dentro da caixa para comer do lado de fora", relatou Gouvêa.

No momento, as equipes do Santuário e do Bosque seguem com as tentativas. "Estamos colaborando com o que for possível, temos conversado bastante com o pessoal do SEB. Eles tem experiência com o transporte de animais e nós temos experiência com o comportamento dela, estamos com a Bambi há seis anos e sabemos que ela está assustada", explicou o diretor do Bosque.

Gouvêa esclarece que, pelo histórico de maus tratos sofridos enquanto estava no circo, Bambi tem um comportamento mais amedrontado que sua companheira, a elefanta Maison. "Temos tratado muito bem dela aqui, a equipe do SEB viu que não existem maus tratos no Bosque, mas o histórico dela é esse", concluiu.

Entenda o caso

A polêmica sobre uma possível transferência dos animais ganhou força após a ativista Luiza Mel iniciar uma campanha nas redes sociais. Mel alega que o Bosque Fábio Barreto não possui a estrutura necessária para manter os animais.

Luiza Mel também criou um abaixo-assinado pedindo a transferência das elefantas para o SEB, na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso. "É conhecida a inabilidade dos zoológicos em preservar o bem estar dos animais que lá vivem, estes locais são incapazes de reproduzir o habitat desses animais [...]. O Santuário de Elefantes Brasil tem real capacidade para arcar com a transferência e proporcionar uma vida em liberdade com assistência especializada", escreveu.

Porém, as declarações de Mel não agradaram os biólogos e profissionais que trabalham no Bosque. “A saúde delas está estável, passam por exames e acompanhamento médico veterinário regularmente. A alimentação é balanceada e adequada à espécie, com dieta baseada em alfafa, capim, cana de açúcar, ração equina e fruta como enriquecimento alimentar. Elas têm água à disposição 24 horas e os alimentos são oferecidos várias vezes ao dia. Chegam a comer entre 100 e 150 quilos diariamente cada uma”, esclarece o médico veterinário e encarregado do Bosque, César Branco.

Na ocasião, a direção do Fábio Barreto informou também que com os empreendimentos do Estado de São Paulo, o bosque é fiscalizado pela Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais do Estado de São Paulo (CBRN), Departamento de Fauna (DeFau) e nacionalmente pela Associação de Aquários e Zoológicos do Brasil (AZAB), sendo assim, o local recebe orientações e fiscalizações constantes.

Contudo, no dia 17 de agosto, a Justiça autorizou a transferência da elefanta SEB, no Mato Grosso. A decisão não cita a elefanta Maison. A decisão partiu do desembargador Roberto Maia, da 2ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP).

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Foto: Alexandre Gouvêa

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