Estudo da USP aponta que descarte inadequado de lixo prejudica Aquífero
Estudo da USP aponta que descarte inadequado de lixo compromete Aquífero

Estudo da USP aponta que descarte inadequado de lixo prejudica Aquífero

Pesquisa identifica compostos orgânicos que podem causar problemas na tireoide e no fígado e comprometem o desenvolvimento neurológico

Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) aponta que o descarte inadequado de lixo e entulho compromete Aquífero Guarani. Isso porque amostras analisadas para estudo detectaram a presença de poluentes chamados éteres difenílicos polibromados (PBDE’s).

O estudo, realizado pela aluna da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP Alecsandra Oliveira de Souza, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), analisou amostras de sedimento da Lagoa do Saibro, na Zona Leste de Ribeirão Preto, um dos pontos de recarga do Aquífero Guarani, e identificou a presença destes poluentes orgânicos.

Segundo a Cetesb, estes compostos são adicionados a produtos eletrônicos, tecidos e espumas para se evitar de propagar chamas. Porém, eles causam efeitos negativos nas pessoas, pois podem alterar o funcionamento da tireoide, no desenvolvimento neurológico e também podem causar problemas no fígado.

Tanto que algumas misturas deste material são abolidas em alguns países, que assim como o Brasil, são signatários da Convenção de Estocolmo, de 2001, assinada por 152 países – cuja principal ausência é os Estados Unidos -, e que reconhece as propriedades tóxicas destes componentes. Eles estão na lista de poluentes orgânicos persistentes (POP), que são aqueles compostos que não se degradam com facilidade.

O professor Daniel Junqueira Dorta, da FFCLRP, orientador do trabalho, aponta que no Brasil não há leis que regulamentem a proibição desses retardantes de chamas e nem estão inclusos em análises de rotina de amostras ambientais, embora, desde 2004, o acordo esteja em vigor no País.

A pesquisa aponta que os teores dos componentes encontrados na lagoa são semelhantes aos de fontes de água localizadas próximas a regiões industrializadas. Dorta aponta que um dos motivos de terem sido achados estes compostos no local são descarte irregular do lixo e de entulho.

“Infelizmente, como pode ser observado por reportagens sobre essa lagoa, diversos bens de consumo já foram retirados da lagoa, como armários e até mesmo, carro. Além disso, o esgoto ou a água de chuva que desembocam ou já desembocaram na lagoa podem trazer tais compostos”, afirma.

Ele lembra que já foram observadas concentrações elevadas do componente até em ursos polares, que vivem bem distantes dos locais de produção, utilização ou descarte, o que demonstra a alta estabilidade destes compostos no ambiente e também, a capacidade de se deslocarem para locais distantes das fontes de emissão.


Foto: Arquivo Revide

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