Eleições 2020: Portal Revide entrevista o candidato Emilson Roveri (Rede)

Eleições 2020: Portal Revide entrevista o candidato Emilson Roveri (Rede)

Candidato pretende implantar projeto de distribuição de renda municipal para reaquecer a economia

Nesta quarta-feira, 21, o Portal Revide entrevista o candidato à Prefeitura de Ribeirão Preto, Emilson Roveri (Rede). Nascido em Ribeirão Preto, Emilson Antônio Martinez Roveri, de 59 anos,  é professor e engenheiro de produção. Nos anos 1980, atuou na política estudantil, quando foi vice-presidente do Centro Acadêmico Armando de Sales Oliveira (CAASO), na USP de São Carlos.

O candidato já disputou em 2012, ficando na quinta posição, com cinco mil votos válidos. A chapa "Ribeirão Moderna, Mais Alegre e Menos Desigual" conta com o advogado Luiz Henrique Mariano, também do Rede, como vice. A chapa não fez coligação com outras legendas.

Mesmo antes da crise causada pela pandemia do novo coronavírus, os cofres municipais já estimavam um déficit para 2021. Situação que se agravou durante a pandemia. Quais medidas o senhor pretende tomar para reduzir esse déficit e ampliar a margem para investimentos?

ROVERI: Uma gestão de qualidade deve elaborar suas políticas públicas a partir de dados e evidências. Em 2019, 95% da receita corrente estavam comprometidas com gastos correntes. Além de sobrar pouco para investir, falta transparência. Esses problemas não são recentes, vêm desde o mandato Darcy Vera e não foram enfrentados na atual gestão. Neste ano, as incertezas são muitas pois não sabemos o real impacto da Covid-19, mas ICMS e ISS estão se recuperando. Precisamos diversificar e ampliar receitas, públicas e privadas, melhorar a gestão de resultados e aliar planejamento orçamentário com desenvolvimento. A moeda digital REB faz isso: uma política social direcionada para a manutenção da economia local, ampliação do consumo e sustentação das receitas municipais por meio do efeito multiplicador.

Ribeirão Preto tem uma população de cerca de 1 mil pessoas em situação de rua, o que inclui pessoas sem teto, usuários de drogas e portadores de deficiências físicas e mentais. Qual a proposta do candidato para solucionar esse problema?

ROVERI: A implantação de centros de acolhimento no Centro da cidade é uma ideia. Imóveis devolutos poderão ser utilizados. Além disso, temos o REB: um projeto de distribuição de renda municipal por meio de uma moeda digital a ser distribuída para as pessoas mais necessitadas. Com um cartão magnético, a pessoa receberá um valor mensal que poderá ser gasto no comércio local com algumas restrições (bebidas alcoólicas, cigarros etc.). Os comerciantes não terão taxa dedutiva para aceitar o cartão e, dessa maneira, o dinheiro gerado pelo aporte público e privado ficará na cidade. Os mais necessitados terão acesso a bens fundamentais e os comerciantes terão novos consumidores. Aos portadores de deficiências mentais, centros de acolhimento e terapia deverão ser construídos, assim fortalecendo o SUAS.

Segundo dados da Secretaria de Segurança do Governo do Estado, até agosto deste ano foram registrados 4,6 mil furtos e 1,2 mil roubos em Ribeirão Preto. Quais ações o governo municipal poderia tomar para conter essa criminalidade?

ROVERI: A criminalidade é fruto do desamparo, da desesperança e da falta de criatividade. As pessoas estão desempregadas e desassistidas. Sem dúvida que o policiamento preventivo e agilidade do poder judiciário são artifícios fundamentais para a segurança da cidade, mas a atenção ao emprego, saúde, moradia e educação vão reverberar diretamente na questão da segurança pública. Quem tem possibilidade de levar comida para sua mesa e dignidade dificilmente cometerá delitos. Esse problema deve ser tratado em todas as suas frentes e vejo a geração de empregos de qualidade como ferramenta preciosa no combate ao crime. Essa questão também deve ser trabalhada a longo prazo, e o que diminui, a longo prazo, a violência é Educação. Uma escola pública de qualidade certamente trará bons efeitos a toda sociedade.

A rede municipal de ensino enfrenta uma fila de espera para a vaga em creches. Quais são os planos do senhor para reduzir essa fila?

ROVERI:  Não há remédio milagroso para essa questão. Se faltam vagas, precisamos cria-las. Se houver possibilidade de construir novas unidades, assim será feito. Se não houver aporte de recursos, então buscaremos parcerias público-privadas para que as vagas surjam. Trata-se de um problema que aflige Ribeirão desde sempre; e sempre tratado com respostas paliativas. As creches deverão atender às reais demandas do município, não apenas em número de vagas, mas principalmente em qualidade. A socialização das crianças depende disso também. Além disso, os pais precisam de tranquilidade para poder trabalhar, por isso confiança no local e nas pessoas que ali estão trabalhando é essencial. Menos afobamento e mais planejamento para essa questão, para que afinal ela seja resolvida e não apenas protelada.

Em Ribeirão Preto, apenas 23% da população é atendida pela Estratégia Saúde da Família, um dos pilares da Atenção Básica do SUS. Quais são as propostas do senhor para ampliar esse atendimento?

ROVERI:  Fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) no Município, com prioridade para a valorização dos profissionais da saúde e para a Atenção Básica nas Unidades de Saúde dos Bairros. Realizaremos um levantamento e recadastramento das equipes de saúde da família para verificar a deficiência de atendimento em todas as regiões e, assim, poder melhor geri-las. Melhorar a gestão das equipes proporcionando a participação ativa dos profissionais médicos, enfermeiros e auxiliares para sanar as dificuldades hoje existentes. Este trabalho também será levado ao atendimento odontológico. Ainda no intuito de ter a melhoria do serviço, realizar um atendimento médico/ambulatorial domiciliar mais humanizado no atendimento de pacientes com dificuldade de mobilidade, patologias graves e debilidades imunológicas.

Quais medidas o senhor pretende tomar para reduzir a fila de espera para atendimentos especializados?

ROVERI:  Para diminuir a fila de atendimentos, é preciso tomar algumas decisões. Uma delas é a eficiente informatização do sistema e dos prontuários. Com um processo mais ágil, os atendimentos poderão ser mais rápidos e assim a fila diminuir. Especialistas precisam estar presentes em diferentes unidades de saúde ao redor da cidade. Os médicos precisam ir onde o povo está. Essa descentralização do atendimento irá também impactar nas filas. Outra medida será buscar parceria com o Governo Estadual para trazer para Ribeirão Preto laboratórios móveis que vão aos bairros fazer exames, desafogando o serviço e agilizando os procedimentos especializados. Com estas ações integradas, conseguiremos diminuir não só as filas dos atendimentos especializados, mas sim oferecer ao cidadão uma qualidade nunca vista.

No último ano, o funcionalismo público em Ribeirão Preto não obteve um reajuste relativo à inflação. O Sindicato dos Servidores fala em perdas salariais por conta disso. Em seu governo, o reajuste ou aumento real de salário dos servidores entraria em pauta?

ROVERI: Independente do Sindicato, a minha gestão será pautada pelo respeito ao servidor. Faz três anos que o salário dos funcionários municipais não é atualizado. É inadmissível que todos os empregados do país tenham reajuste anualmente e os servidores sejam boicotados por serem vistos como onerosos aos cofres públicos e, pior, sofram o preconceito de que não trabalham. O que faz a máquina andar são os que, diariamente, enfrentam um sistema sem modernização adequada, sem inovação e sem condições de trabalho digno. Precisam ser valorizados! As condições financeiras do município serão consideradas para que a valorização aconteça. Estudaremos minuciosamente tudo o que estiver ao nosso alcance neste intuito. Um servidor respeitado abre caminhos para uma cidade moderna, mais alegre e menos desigual.


Foto: Divulgação

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