Moções e repúdios

Moções e repúdios

Sessões recentes da Câmara de Ribeirão Preto foram marcadas por debates acalorados, incluindo uma confusão sobre escolas cívico-militares e moção contra o governo italiano

As recentes sessões da Câmara Municipal de Ribeirão Preto foram marcadas por polêmicas e embates acalorados. No dia 24 de março, uma reunião sobre escolas cívico-militares gerou confusão, resultando na retirada forçada do diretor da Apeoesp, Fábio Sardinha, por agentes da Guarda Civil Metropolitana. Além disso, a Câmara aprovou uma moção de repúdio contra a reforma na lei de cidadania da Itália, enquanto rejeitou uma homenagem à USP pelo evento "Ditadura Nunca Mais", que relembrou os 61 anos do golpe de 1964.
 

ESCOLAS CIVICO-MILITARES
 

Uma reunião pública para discutir a implantação do modelo de escolas cívico-militares em Ribeirão Preto foi marcada por confusão no dia 24 de março. O diretor estadual da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo), Fábio Sardinha, foi retirado à força do plenário por agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) após uma discussão. De acordo com testemunhas e registros em vídeo, a confusão começou quando Sardinha, contrário ao projeto, se aproximou dos apoiadores do modelo e começou a gravar vídeos com o celular. A divisão no plenário, feita pela GCM a pedido da Presidência da Câmara, separava os favoráveis e contrários à proposta. Segundo nota da Câmara, Sardinha teria "furado o cordão de isolamento" e "provocado as pessoas do lado oposto". Ainda segundo a nota, o diretor da Apeoesp "desferiu dois socos contra um dos agentes". A Câmara afirma ainda que "estuda medidas judiciais contra ele, uma vez que a conduta exercida foi descabida, agressiva e desrespeitosa".
 

Sardinha nega a versão da presidência da Câmara e afirma que sua retirada foi uma ação truculenta. "O que teve por parte da GCM foi o uso da força moderada e forte para tentar me tirar dali. Não teve agressão nenhuma à GCM, pelo contrário, até, inclusive, agradeço à GCM por tentar evitar uma agressão da parte daqueles que defendem escola militarizada", declarou. O presidente da Apeoesp, Mauro Inácio, lamentou o ocorrido. "Infelizmente, houve expulsão de professores e diretores do sindicato de dentro da Câmara a mando do presidente da Câmara. Nós vimos um show de horrores, agressões a nossos professores, alunos, agressões a toda a população que ali estava querendo debater", afirmou.
 

ÍTALO-BRASILEIROS?
 

A Câmara Municipal dos Vereadores de Ribeirão Preto aprovou nesta semana uma moção de repúdio contra governo da Itália devido à recente reforma na lei de cidadania do país. De autoria do vereador Daniel Gobbi (PP), a moção será enviada ao Consulado Geral da Itália, em São Paulo. A nova legislação italiana restringe a concessão da cidadania apenas a filhos e netos de italianos, excluindo descendentes mais distantes, como bisnetos. Segundo Gobbi, essa mudança prejudica “centenas de famílias ribeirãopretanas”, cujos antepassados imigraram no século XIX e contribuíram para o desenvolvimento local. A Itália, presidida por Sérgio Mattarella do partido Democracia Cristã, argumenta que  a medida combate abusos no sistema de concessão da cidadania, especialmente na América do Sul. “Ser cidadão italiano é uma coisa séria. A concessão da cidadania não pode ser automática para quem tem um ascendente que emigrou há séculos, sem qualquer ligação cultural ou linguística com o país”, declarou o ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani.
 

MOÇÃO CONTRA A DITADURA NEGADA
 

Na mesma sessão em que foi aprovado o repúdio ao governo italiano, os vereadores negaram uma moção de congratulações e aplausos para Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da USP (Universidade de São Paulo), em razão da Conferência Ditadura Nunca Mais. O ato aconteceu na última segunda-feira, 31, data em que foram lembrados os 61 anos do Golpe Militar de 1964. A autora é a vereadora Duda Hidalgo (PT). Organizado pelas Faculdades de Direito, Filosofia, Ciências e Letras e Medicina, o encontro relembrou os que foram torturados, mortos ou desapareceram durante o regime militar.

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