Prefeita proíbe uso de WhatsApp em unidades de saúde

Prefeita proíbe uso de WhatsApp em unidades de saúde

Decisão foi provocada por descaso no atendimento constatado pela própria prefeita; ela também determinou abertura de sindicância para apurar fatos

A prefeita Dárcy Vera (PSD) determinou nesta sexta-feira, 19, a proibição de utilização do aplicativo WhatsApp – que emite e recebe mensagens, imagens, vídeos e áudios – por funcionários das unidades de saúde da cidade, durante o expediente de trabalho. “Pedi para proibir o uso do aplicativo WhatsApp durante o expediente de trabalho nas unidades de saúde”, afirmou a prefeita por meio de outra rede social.

Ela também determinou a abertura de sindicância para apurar descaso no atendimento da Unidade Básica Distrital de Saúde (UBDS) Norte, no Quintino Facci II.

A decisão foi tomada depois que a prefeita visitou a unidade na noite desta quinta-feira,18, após reclamações de uma paciente que enviou mensagens a ela quando a prefeita voltava de São Paulo. Ela disse ter ficado na UBDS até por volta de 1h da manhã desta sexta-feira, conseguindo, com a interferência fazer a fila, que estava parada, andar.

Na manhã desta sexta-feira ela voltou à unidade acompanhada do secretário da Saúde, Stênio Miranda, para verificar o atendimento. “Temos que melhorar e humanizar o atendimento aos pacientes. Ontem estive nesta unidade a noite e fiquei chateada e decepcionada com a forma em que alguns funcionários públicos tratavam os pacientes”, disse a prefeita por uma rede social.

Ela chegou a publicar em seu perfil no Facebook uma relação de direitos dos pacientes, num “puxão de orelhas” nos servidores. “Esqueceram que quem paga o salário deles é o povo. Portanto é preciso tratar as pessoas com mais educação e entender que não estão fazendo favores e sim, trabalhando e ganhando para isso. Temos bons funcionários. Mas também temos alguns que só pensam em direitos e esquecem dos deveres”, escreveu a prefeita.

Não é a primeira vez que ela visita unidades de saúde do município e constata o que a população encontra todos os dias, com filas e demora no atendimento. Ela já esteve na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da avenida 13 de Maio e na UBDS da Vila Virgínia.

Desabafo

Após passar cerca de três horas na UBDS do Quintino Facci II, a prefeita utilizou seu perfil no Facebook para relatar os fatos. Há inclusive relato de enfrentamento com a gerente da unidade. Abaixo, a íntegra do texto da prefeita Dárcy Vera, sem edição.

“DECEPCIONANTE COMO ALGUNS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS ATENDEM PACIENTES EM ALGUMAS UNIDADES DE SAÚDE

Ontem eu estava chegando de São Paulo com o Vereador Giló e um assessor de imprensa, antes de Cravinhos e estava respondendo as mensagens de facebook via celular. Quando recebo uma mensagem de uma paciente do Quintino Lully Oliveira que estava desesperada pelo volume de pessoas e que ninguém estava sendo atendido. Liguei na UBDS do Quintino e não atendiam o telefone, retornei a ligação através do número da acompanhante da paciente e pedi para falar com a pessoa que tinha ficado responsável pelo turno da noite. Ela chamou uma pessoa da enfermagem e disse que eu estava no telefone perguntando quem era o responsável pelo turno da noite. De forma ríspida, a funcionária Mara disse que não estava ali para atender telefone, que só atende telefone na sua casa. Pedi para a paciente apenas perguntar a ela, quem era o responsável pela unidade à noite. Ela saiu correndo e não respondeu segundo a paciente. Desesperada com tanta gente aguardando atendimento, a Lully Oliveira foi na recepção e foi informada que a responsável era uma enfermeira chamada Maria Pia. Pedi para falar com ela e saber se tinha faltado médicos ou funcionários e o que estava acontecendo, já que estava na estrada e não tinha noção dos ocorridos nas últimas horas na unidade. A Lully Oliveira que era acompanhante de uma das pacientes levou o telefone até ela. Além de ser deselegante com a Lully, que avisou que eu estava ao telefone e queria saber se a escala médica estava completa, ouvi ela dizendo que se eu quisesse saber alguma coisa, que fosse na unidade pessoalmente falar com ela. E foi o que fiz. Aproveitei que estava na Anhanguera chegando de São Paulo e fui para lá por volta das 22 horas. A unidade lotada, uma pessoa apenas na recepção e muitos pacientes no corredor, pegando pelo meu braço e dizendo que estavam lá há muito tempo e que um dos pacientes aguardava há quase uma hora para troca de soro. Bom, chegando na unidade, resolvi filmar para deixar gravado o que ocorreu. Pacientes diziam que assim que cheguei, a fila começou a andar. Resolvi gravar, para evitar colocar palavras na minha boca e fui falar pessoalmente com a responsável pela unidade, que se encontrava na parte do fundo e foi chamada para me atender. Perguntei se a escala médica estava completa, apesar de alguns consultórios estarem vazios. Ela respondeu que sim. Uma médica saia de um local no fundo da unidade e pedi a escala, já que a confundi com uma enfermeira, ela pediu que fosse ler a escala que estava pregada na parede. O Dr Stênio estava em SP também é sem bateria no celular. Liguei para o Gerente Ellen e exigi a presença dele na unidade. O Raio X havia quebrado e tinha pacientes a serem regulados para outras unidades. Uma senhora estava desde às 11 da manhã aguardando a ambulância. Isso já era 22 horas. Liguei para o Dinardi, responsável pelo Samu e em pouco tempo a ambulância chegou. Realmente não gostei do que vi. Enquanto o setor de pediatria estava sendo elogiado pelo bom atendimento, os demais reclamavam da demora e da falta de informações no atendimento geral. Como vi alguns pacientes de psiquiatria, liguei para o Dr. Alexandre Firmino por volta das 24h, onde o mesmo se prontificou e foi para lá me ajudar. A fila se esvaziou em menos de 40 minutos. Saí por volta de quase uma hora da manhã do local. Existem excelentes profissionais, disso tenho certeza, inclusive alguns ocupam cargos de chefia no governo. Mas existem pessoas que acham que atender pacientes á fazer favor. Engano de quem pensa assim. Todos recebem salário, fazem plantão e tem obrigação de atender bem e serem educados com todos. Vou falar com o Stênio hoje, e pedir providências do que ocorreu ontem. E chamar os pacientes para participarem da sindicância, inclusive trazendo as gravações que eles fizeram antes de eu chegar. Peço desculpas aos pacientes que foram destratados e tomarei as devidas providências. E a agradeço aos bons funcionários que estavam trabalhando, cumprindo com seus deveres”.

Foto: Divulgação

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