Prefeitura veta lei que permitiria aumento da transparência

Prefeitura veta lei que permitiria aumento da transparência

Norma exige divulgação de patrimônio de agentes políticos, já divulgada pelo governo estadual desde 1997; autor tentará derrubar o veto

Os vereadores de Ribeirão Preto votam na noite desta quinta-feira, 23, o veto do total da prefeita Dárcy Vera (PSD) a projeto a lei que permite a ampliação da transparência na gestão publica do município, com a publicação do resumo do patrimônio de agentes políticos, quando da exoneração e nomeação.

Aprovada no último dia 26 de abril, a partir de projeto do vereador Beto Cangussú (PT), a lei determina a publicação resumida dos bens de ocupantes de cargos de livre provimento em comissão, que exerçam função de secretário e diretor, na Administração Direta; presidência, superintendência e diretoria nas fundações, autarquias e empresas públicas e os que exerçam chefia de departamentos de compras ou exerçam a presidência de comissões encarregadas de processar contratações para o fornecimento de bens e serviços.

Na verdade a lei aprovada em abril apenas corrige uma falha em uma modificação feita em 2014 a uma lei de 2006, que faz a determinação. A primeira lei, no entanto, fazia menção apenas a dirigentes de comissões de licitações. Na modificação feita há dois anos, deixou-se de constar a publicação em Diário Oficial, muito embora ela estivesse implícita.

“Ainda não sei os argumentos para o veto, mas vou trabalhar pela sua rejeição, até pela incoerência do Executivo, que já sancionou a lei de 2014”, disse o vereador. Para ele é preciso dar transparência e evitar que enriquecimentos sem base em rendimentos fiquem escondidos.

A lei de 2006 chegou a ter sua constitucionalidade questionada, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo, em 2007, decidiu que a legislação é constitucional. Ainda assim a lei nunca foi cumprida.

O vereador até já foi à justiça para exigir o cumprimento. A Justiça concedeu uma liminar, mas depois a suspendeu. Com base na ação em tramitação, a Prefeitura alega que é preciso primeiro ocorrer decisão judicial para que a legislação seja cumprida.

Os agentes políticos que atuam no governo estadual têm o resumo de suas declarações de patrimônio publicadas no Diário Oficial do Estado. Não há endereços ou marcas, mas apenas o valor do patrimônio em imóveis, veículos, contas bancárias etc., para não oferecer riscos ao servidor.

A divulgação do patrimônio destes servidores está disciplinada no decreto 41.865, de 16 de junho de 1997, baixado pelo então governador Mário Covas, já falecido.

Questionada sobre o veto, a Prefeitura não se manifestou. Na justificativa do veto, a prefeita explica que já solicita as declarações dos servidores e as arquiva em seus prontuários. Mas não informa se as divulga.


Foto: Silvia Morais / Câmara Municpal

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