Sindicato dos servidores realiza “funeral” simbólico de vereadores, em Ribeirão Preto
Vereadores consultados pelo Portal Revide explicaram o motivo do voto

Sindicato dos servidores realiza “funeral” simbólico de vereadores, em Ribeirão Preto

Protesto foi realizado na manhã desta sexta-feira, 26, na porta do Palácio do Rio Branco, após parlamentares negarem pedido de impeachment de prefeito

O Sindicato dos Servidores de Ribeirão Preto realizou, na manhã desta sexta-feira, 26, um funeral simbólico dos vereadores que votaram contrários ao pedido de impeachment do prefeito Duarte Nogueira (PSDB).

Durante o protesto, na frente do Palácio do Rio Branco, os servidores em greve acusaram os vereadores de “traírem” a categoria. No cortejo, os grevistas acenderam velas e colocaram fotos dos parlamentares que votaram não em um caixão.

Na sessão de quinta-feira, 25, a Câmara dos Vereadores negou o pedido de admissibilidade de uma denúncia de improbidade administrativa contra o prefeito Duarte Nogueira (PSDB). Se fosse comprovada, a acusação poderia levar ao impeachment do chefe do Executivo. O pedido foi protocolado pelo Sindicato dos Servidores uma hora antes da sessão.

Ao final da sessão, o presidente do Sindicato, Laerte Carlos Augusto, publicou um vídeo nas redes sociais. Na publicação, ele declara estar frustrado com a posição da Câmara. “Apresentamos a denúncia a respeito de fatos que entendemos que deveriam ser investigados por essa casa de leis, mas, infelizmente, os parlamentares não acolheram a denúncia. Como cidadão ribeirãopretano, eu me sinto bastante frustrado”, criticou Augusto.

Também nas redes sociais, o vice-presidente do Sindicato, Alexandre Pastova, foi mais um que externou a indignação “Muito estranho a mudança de opinião de vários vereadores que, inclusive, nos cobraram a apresentação da denúncia. Claro que o voto popular dará a resposta, mas não abandonaremos a luta”, declarou.

Outro lado

Após a derrubada do pedido, os servidores em greve se revoltaram. Alguns dos presentes ofenderam os parlamentares e depredaram as lixeiras na entrada da Câmara. Dentre os insultos, o vereador Jorge Parada (PT), foi acusado de “traição”. Parada é, de longa data, um apoiador dos grevistas.

Em conversa com o Portal Revide, o petista alegou que votou contrário ao projeto em razão da rapidez que ele foi protocolado. “A solicitação chegou de uma maneira muito rápida e abrupta. Não tivemos possibilidade de analisa-la com calma. E um pedido de impeachment exige isso”, explicou.

Apesar das críticas, Parada admite que ainda mantém o apoio aos grevistas. “Eu sempre fui a favor da greve e das reivindicações dos servidores. Essa votação não teve nada a ver com o fato de eu ser a favor ou contra a greve”, declarou Parada.

Por meio de nota, o vereador Marcos Papa (Rede) avaliou que se o autor do pedido e o presidente da Câmara realmente quisessem investigar, a Mesa Diretora teria acolhido a denúncia e distribuído aos vereadores para que pudessem analisar com mais tempo a denúncia.

"Preferiram encenar uma farsa usando servidores que realmente trabalham e determinaram a votação imediata, assim que o pedido entrou na Casa. Diante disso, como trata-se de um pedido de investigação, que pode resultar no impeachment do prefeito, naquele momento eu era mais do que um parlamentar, era um juiz. Sem que tivessem me dado o direito de conhecer o conteúdo da denúncia decidi pelo voto negativo", criticou Papa.

A base governista, como esperado, também votou contrária ao pedido. O líder do governo na Câmara, o vereador André Trindade (DEM), esclareceu que votou “não” por entender que a denúncia feita pelo Sindicato “não tem sustentação que pudesse causar uma abertura de impeachment”. Segundo Trindade, Ribeirão Preto atravessa um momento delicado, e um pedido de impeachment agora não seria benéfico ao município.  

“Não podemos misturar os assuntos, já temos problemas demais e a motivação política não pode comprometer a estrutura governamental da cidade.  Existem muitas formas de se investigar todos os assuntos, fora de um processo de impeachment, não podemos banalizar o processo democrático”, afirmou Trindade.

Já o vereador Rodrigo Simões (PDT), afirma que votou contrário à denúncia com “tranquilidade e conhecimento”. Para o parlamentar, as denúncias não tinham nenhum fundamento. “Entendo perfeitamente a solicitação dos Servidores, tanto que me posicionei favorável, mas de forma justa e honesta. O momento é de responsabilidade”, concluiu Simões.

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Foto: Arquivo pessoal

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