
Março Amarelo alerta para o impacto da endometriose na saúde e fertilidade feminina
Conscientização sobre a doença é essencial para diagnóstico precoce e tratamento adequado da doença que silenciosa que afeta principalmente a capacidade reprodutiva
Março é o mês dedicado à conscientização sobre a endometriose, doença que afeta mais de 7 milhões de mulheres no Brasil, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Caracterizada pelo crescimento do tecido endometrial fora do útero, a endometriose pode causar dores intensas, como cólicas menstruais muito fortes, dores durante a relação sexual e dor pélvica, impactando diretamente a qualidade de vida das pacientes. Além disso, é uma das principais causas de infertilidade feminina, comprometendo as chances de gravidez natural. Muitas mulheres só recebem o diagnóstico da doença após enfrentarem dificuldades para engravidar, com um tempo médio de espera que pode variar de 7 a 9 anos.
A endometriose afeta principalmente mulheres em idade reprodutiva, entre 15 e 45 anos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva, uma em cada dez mulheres sofre dessa condição, sendo que 57% delas relatam dores crônicas, enquanto mais de 30% enfrentam dificuldades para engravidar. Além disso, muitas mulheres que sofrem da doença experimentam sintomas como fadiga, constipação ou diarreia no período menstrual, e até dificuldades para urinar ou evacuar, dependendo da área afetada. Esses sintomas são frequentemente ignorados ou confundidos com outras condições, o que pode atrasar o diagnóstico e o início do tratamento.
“O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para minimizar os impactos da doença e garantir melhores perspectivas para a saúde e fertilidade das mulheres”, alerta Anderson Melo, ginecologista especialista em reprodução humana. O médico explica que a endometriose pode comprometer a fertilidade devido a alterações inflamatórias na pelve, formação de aderências e danos aos ovários e tubas uterinas. "A gravidade da doença, a idade da mulher e a reserva ovariana são fatores determinantes para indicar o tratamento mais adequado”. Só em 2022, mais de 2,3 mil mulheres foram internadas no Estado de São Paulo por complicações relacionadas à endometriose, e mais de 11,2 mil procedimentos ambulatoriais foram realizados para o tratamento do distúrbio. Esses números destacam a gravidade da doença e a importância de uma conscientização constante sobre seus efeitos e tratamentos.
A fertilização in vitro (FIV) é uma das opções para mulheres com endometriose que encontram dificuldades para engravidar. "Nos casos moderados e severos, a FIV é uma alternativa viável, com taxas de sucesso entre 30% e 40% em mulheres com reserva ovariana normal", explica o médico. Para mulheres que tentam engravidar, o tratamento deve ser individualizado, e em muitos casos, inclui a cirurgia para remoção dos focos da endometriose antes de recorrer à gestação assistida.
A história de Janecleide Pontes de Freitas Galvão (foto ao lado), de 34 anos, é um exemplo de superação. Ela foi diagnosticada com endometriose após um exame de ressonância magnética, depois de enfrentar dificuldades para engravidar e sofrer com cólicas intensas. “Descobri a doença por meio de uma ressonância magnética após sofrer com infertilidade e cólicas fortes. Passei por uma videolaparoscopia e ainda tentei engravidar naturalmente antes de recorrer à FIV”, conta Janecleide, que agora está com 28 semanas de gestação. “Foi um processo longo e desafiador, mas a felicidade de saber que conseguimos realizar esse sonho é indescritível.”
Anderson Melo reforça que, para as mulheres que enfrentam a endometriose e desejam engravidar, o acompanhamento médico e a abordagem multidisciplinar são fundamentais. "O suporte emocional é essencial, pois a jornada pode ser desafiadora. Além disso, hábitos saudáveis, como prática regular de atividade física e uma dieta anti-inflamatória, podem contribuir para o tratamento e melhorar a resposta à FIV", conclui o especialista. O Março Amarelo traz à tona a importância de um diagnóstico precoce e de um tratamento adequado para a endometriose, com foco na preservação da saúde e da fertilidade das mulheres. Com o suporte médico certo e acompanhamento adequado, muitas mulheres podem superar os desafios impostos pela doença e realizar o sonho de ser mãe.
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