Proteção mantida
A Prefeitura de Ribeirão Preto já tinha se posicionado pela exigência das máscaras

Proteção mantida

Diante da confirmação de casos da nova variante ômicron do coronavírus, o governo do Estado de São Paulo decidiu manter a obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços abertos

Próximo de completar dois anos de pandemia da Covid-19, pesquisadores, cientistas e profissionais da saúde avaliam o risco de novas variantes do coronavírus. A doença já matou mais de 5 milhões de pessoas no mundo e 615 mil no Brasil. No Estado de São Paulo, são 155 mil vítimas com o registro de mais de 3 mil óbitos em Ribeirão Preto. O dado positivo é que 75% da população da região metropolitana de Ribeirão Preto formada por 34 municípios já foi imunizada com duas doses, 1,2 milhão de pessoas de uma população estimada em 1,7 milhão. De acordo com a plataforma Vacinômetro da Secretaria da Saúde do Estado, cerca de 45 mil pessoas tomaram a dose única.

Alguns países como os Estados Unidos, Israel, França, Itália, Espanha e China, por causa dos baixos índices de morte e taxa de pessoas infectadas, chegaram a retirar a obrigatoriedade do uso de máscaras. Porém, a liberação do uso do item de proteção foi acompanhada por uma piora no número de casos confirmados. Segundo Domingos Alves, físico e pesquisador na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP), a flexibilização precipitada não condiz com a realidade atual. “Retirar a obrigatoriedade do uso da máscara tenta passar a ideia de uma situação melhor para a população, mas esse cenário não condiz com o que vem sendo alertado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), sobre a necessidade de manter medidas sanitárias e de distanciamento social neste período de vacinação”, explica.

Os imunizantes atuam principalmente para diminuir as chances de óbitos e de casos graves da doença, mas não impedem transmissão caso a pessoa contraia o vírus. É possível que essa contaminação aconteça de modo mais leve porque boa parte desta carga de vírus já foi bloqueada, como explica o infectologista Luiz Fernando Baqueiro Freitas. “O restante do vírus que não conseguiu ser bloqueado vai ser um contingente menor. À medida que ele vai se replicando, o sistema imune continua produzindo anticorpos para combatê-lo. Vale lembrar que o adoecimento leve também é produzido pela vacinação, e também é um mecanismo de menor contagiosidade”, pontua.

Para o assessor técnico do Conass, Leonardo Vilela, qualquer medida que for adotada para controle da Covid-19 não pode ser realizada de maneira nacional, visto que as realidades em cada estado são diferentes. “Defendemos a autonomia dos gestores estaduais e municipais, claro com critérios baseados na ciência”, afirma. O técnico ressalta que uma eventual flexibilização do uso de máscaras deve ser feita com muita cautela. “Nos Estados Unidos, de repente, liberaram geral o uso da máscara para aqueles vacinados com segunda dose. Vimos um recrudescimento dos casos, das internações e dos óbitos. Isso obrigou as autoridades a recuarem, desobrigando a proteção facial apenas em ambientes abertos e sem aglomeração”, comenta. Domingos acrescenta: “O uso de máscara é uma medida higiênica extremamente importante para conter a transmissão do vírus. Não é pelo fato de proteger a si mesmo, mas proteger os outros”, orienta.

No Estado de São Paulo, o governador João Dória (PSDB) chegou a anunciar que o Estado flexibilizaria o uso de máscaras em áreas abertas a partir do dia 11 de dezembro, mas por orientação Comitê Científico do Estado voltou atrás. “Decidimos adotar essa medida por prudência com o cenário epidemiológico no Estado. Todos os números demonstram que a pandemia está recuando em São Paulo, mas vamos optar pela precaução. O nosso maior compromisso é com a saúde da população”, disse Doria. Na recomendação feita ao Governo de São Paulo, o Comitê Científico apontou que há incertezas quanto ao impacto da variante ômicron às vésperas do fim de ano. Os períodos de Natal e do Réveillon costumam provocar grandes aglomerações, o que facilita a transmissão de doenças respiratórias como a Covid-19. São Paulo foi o primeiro estado a instituir um Centro de Contingência da Covid-19 no país, em 26 de fevereiro de 2020, imediatamente após a confirmação do primeiro caso da doença no Brasil. Além disso, São Paulo foi um dos primeiros estados a exigir o uso de máscara e a implantar a quarentena.

Em Ribeirão Preto, a Prefeitura já havia decidido manter a obrigatoriedade do uso de máscara em locais abertos e fechados até o dia 31 de dezembro. Acompanhando decisão das prefeituras da região, o prefeito Duarte Nogueira também optou por cancelar o Carnaval e as festas de Folia de Reis. A obrigatoriedade no uso de máscaras segue o decreto 239, publicado no Diário Oficial do Município no dia 28 de outubro. A medida passará por uma nova avaliação a partir de janeiro de 2022. Após essa data, serão avaliados os indicadores da Covid-19 como o avanço da vacinação, número de casos ativos e internações. “Mesmo com o avanço da vacinação, ainda devemos usar máscaras pelos próximos anos. Este não é o momento adequado para liberar”, avalia Domingos. 

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