Tecnologia foi fundamental para separação de irmãs unidas pelo crânio em Ribeirão Preto
Modelos físicos permitiram aos profissionais interagir e verificar as conexões entre as estruturas

Tecnologia foi fundamental para separação de irmãs unidas pelo crânio em Ribeirão Preto

Com o auxílio de uma startup, simuladores clínicos foram criados para que os médicos pudessem treinar cada passo das cirurgias


O Hospital das Clínicas (HCRP) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da Universidade de São Paulo, tornou-se o primeiro hospital no Brasil a realizar, com sucesso, a cirurgia de separação de gêmeos siameses unidos pelo crânio.


A tecnologia foi fundamental aos profissionais responsáveis por garantir a separação completa entre as irmãs Maria Ysabelle e Maria Ysadora, nascidas unidas pelo crânio. Com o auxílio de uma startup, simuladores clínicos foram criados para que os médicos pudessem treinar cada passo das cirurgias antes da separação.

O Hospital das Clínicas (HCRP) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da Universidade de São Paulo, tornou-se o primeiro hospital no Brasil a realizar, com sucesso, a cirurgia de separação de gêmeos siameses craniopagus. Foram cinco cirurgias até que as irmãs de dois anos fossem totalmente separadas.

Para fazer história na medicina brasileira, a equipe do HC contou com a ajuda da Gphantom, startup ligada ao Supera Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto que produziu, em parceria com o Grupo de Inovação em Instrumentação Médica e Ultrassom (Giimus) do Departamento de Física da Universidade de São Paulo (USP), simuladores clínicos para que os médicos pudessem treinar cada passo da complexa cirurgia.

A oportunidade de participar do procedimento surgiu em novembro de 2017, com o início do planejamento da primeira intervenção que ocorreria apenas em fevereiro de 2018. “Desde o início, utilizamos imagens das meninas, como ressonância magnética e tomografia, para criarmos modelos virtuais e depois modelos impressos em 3D, reproduzindo os crânios em tamanho real”, explica o físico médico Felipe Grillo, fundador da startup.

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Os modelos físicos, também conhecidos por simuladores clínicos, permitiram aos profissionais interagir e verificar as conexões entre as estruturas, além das principais veias e artérias, planejando a melhor forma de executar a cirurgia, inédita no Brasil. Grillo conta que antes de cada cirurgia, foram realizadas reuniões com a equipe médica. "Isso para que pudéssemos reproduzir as características de interesse de cada intervenção. Na última etapa, por exemplo, o modelo criado permitiu uma previsão de como as meninas ficariam após a expansão da pele de cada uma delas”, afirma.

Segundo o professor da USP e coordenador do GIIMUS, Adilton Carneiro, essa foi uma importante contribuição de pesquisa tecnológica da Universidade de São Paulo, em parceira com uma startup, fundamental como apoio ao sucesso desse caso cirúrgico de alta complexidade. "O planejamento de cada etapa e o treino das habilidades dos profissionais, através dos modelos, garantiu o menor tempo possível na cirurgia e com sucesso”, enfatiza o professor.

Para Grillo, o uso dos simuladores para treinamentos é uma inovação importante para a medicina no País. “Mesmo com toda a experiência, os médicos envolvidos nessa cirurgia reforçaram a importância da simulação e do treinamento para atingir a excelência no procedimento médico”, conclui.


Foto: Divulgação

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