Far From Alaska

Far From Alaska

 

Ser elogiado por nomes de destaque no rock nacional não é para qualquer banda. O guitarrista Marquim do Raimundos, Tico Santa Cruz do Detonautas e Beto Bruno do Cachorro Grande já revelaram ao Portal Revide que o Far From Alaska (FFA) é um dos grupos novos que eles escutam.

Em entrevista exclusiva, a integrante do FFA, Cris Botarelli (de óculos abaixo na foto), ela que faz o Synth e também voz, explica como tentará sobreviver ao Lollapalooza, já que participarão do festival, que também conta com os ídolos Robert Plant e Jack White. Ela também o quão natural é compor em inglês no Rio Grande do Norte, estado (N)natal (?) do grupo.

O trabalho do grupo pode ser conferido aqui.

Leia mais:

Entrevista Beto Bruno
Entrevista Tico Santa Cruz
Entrevista Marquim

- O Marquim do Raimundos, Tico Santa Cruz e outros artistas do rock nacional já elogiaram vocês. O que acreditam que tenham feito de bom para ter esse reconhecimento de quem é do ramo?

Cris Botarelli - Acho que foi tocar o que acreditamos, o que a gente é, sem enrolar e inventar. De alguma forma, as pessoas sentem quando a coisa é de verdade, seja lá que verdade for, quando não é fake, feito com o fim específico de fazer as pessoas gostarem, isso ajuda. Não ter uma preocupação e amarra com nenhuma vertente ou ramificação do rock também, a gente só faz, vai fazendo, o que sai, sai. Esse casamento entre o que "sai" e o gosto do público, portanto, é uma das coisas mais gratificantes pra gente.

- No nordeste a Bahia tem ótimos nomes no rock, como Raul, Pitty, e Marcelo Nova, por exemplo. Como é fazer rock and roll saindo de um estado que não tem tanta tradição?

Cris Botarelli - Na verdade, o Rio Grande do Norte é um dos estados emergentes do rock no Brasil atualmente. Tem muitas bandas boas, mas muitas mesmo. E não é de hoje, é algo que vem sendo construído há cerca de dez anos, por isso o termo 'emergente. Quem está atento à cena de rock independente com absoluta certeza já ouviu falar de alguma banda de Natal. Existe uma cena legal, com festivais, um deles, inclusive, o Festival Dosol, foi escolhido o melhor festival independente do Brasil esse ano pela crítica especializada, e público que já se acostumou a consumir as bandas locais com a mesma empolgação de bandas de fora. A gente adora o Rio Grande do Norte nesse sentido e realmente acreditamos que seja um exemplo para os outros estados, sobre como fomentar uma cena, contra tudo e todos, persistir e, enfim, prevalecer. Nesse contexto, a gente é resultado de tudo isso. Sempre tivemos bandas aqui, participamos disso desde adolescentes e agora estamos aí, rompendo essa fronteira estadual.

 - Por que as letras são cantadas em inglês?

Cris Botarelli - Isso também é produto da cena natalense, é natural pra gente, é como sempre fizemos e como gostamos de fazer. Lá, essa questão de letras em inglês/português é algo superado há anos. O público lá consome as duas coisas com a mesma empolgação. Acho que talvez isso se deva ao fato de que, por estarmos longe de ‘onde as coisas acontecem’, quem faz música não faz com pretensão, não faz esperando tocar em Malhação ou no Faustão (risos), faz porque ama e do jeito que gosta. A gente até se surpreendeu um pouco quando passamos a experimentar a mídia de outros estados e perceber que esse detalhe ainda gera polêmica. Eu não consigo entender muito. É 2014, já teve Copa e tudo aqui (risos), quem escuta rock com absoluta certeza escuta bandas gringas. Por que a língua é uma barreira? Não precisa ser (risos).

 

- O vídeo de Greyhound mostra a banda atrás dos palcos. A vida de ‘rockstar’ é o que imaginavam?

Cris Botarelli - (Risos) Poxa, vou receber essa pergunta como uma profecia e dizer amém! A gente não é rockstar: it's a long way to the top if you wanna rock 'n' roll e a gente ainda está no comecinho. Muita correria, muito suar de camisa, mas talvez um dia a gente chegue lá, aí voltamos aqui pra te contar.

- Quem são os artistas que os integrantes da banda se inspiram?

Cris Botarelli - Essa é muito difícil, viu? Não tem unanimidade nenhuma na banda e a gente nem se liga muito nessa coisa de influências. Meio que tudo influencia. Tudo. E a gente deixa esse ‘tudo’ vir à tona, porque o Far From Alaska não é uma banda tributo, a gente quer sempre ter um trabalho artístico relevante de alguma forma, então a gente deixa o acaso e a aleatoriedade tomar conta. 

 - A música Politiks tem uma pegada bem country, enquanto outras músicas têm características eletrônicas. O objetivo do grupo é ir de 0km/h a 100km/h em um espaço curto?

Cris Botarelli - Quase, o objetivo é ir de -100 km/h a infinito. Quanto mais doido melhor. Todas as portas estão abertas e a gente não pretende fechar nenhuma. Prezamos muito pela nossa liberdade de fazer qualquer coisa quando estamos compondo, então não vai ter caixinha com rótulo, se tentarem colocar a gente vai rasgar todas (risos).

 - No Lollapalooza, Jack White e Robert Plant também vão cantar. Como é pensar em participar do mesmo festival que dois gênios como esses?

Cris Botarelli - Pausa pra morrer aqui, só um minuto, já volto (risos). A gente ainda arrepia quando pensa nisso, sério. É muito emocionante pra gente, de verdade. É difícil saber o que pensar. A gente só quer gritar e desmaiar. Só isso. Espero que a gente consiga ficar vivo no palco.

Foto: Jomar Dantas

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