No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, jornalista é agredido em Brasília

No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, jornalista é agredido em Brasília

Entidades que representam jornalistas e autoridades repudiaram a violência dos manifestantes

No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, um jornalista e um motorista do jornal o Estado de São Paulo foram agredidos durante manifestações a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), neste domingo, 3, em Brasília.

A manifestação agendada para a manhã deste domingo desrespeita as medidas de isolamento dispostas na lei federal 13.979 – assinada pelo presidente Jair Bolsonaro e pelos ex-ministros Sérgio Moro e Luiz Henrique Mandetta – que dispõe sobre as medidas de combate ao coronavírus. E, também, desrespeita o decreto do Distrito Federal, que proíbe aglomerações.

O repórter fotográfico Dida Sampaio registrava as imagens do ato, em uma área restrita para a imprensa, quando foi agredido. Em vídeos que circulam pelas redes sociais é possível ver que o profissional é agredido com chutes, socos e empurrões. Já o motorista, recebeu uma rasteira dos manifestantes. Os profissionais foram escoltados pela Polícia Militar até um local seguro.

Entidades que representam jornalistas e autoridades políticas repudiaram a violência dos manifestantes. A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) declarou que o fato se torna ainda mais grave, pois não há da parte do presidente qualquer condenação. "Pelo contrário, é o próprio presidente e seus ministros que incentivam as agressões contra a imprensa e seus profissionais", informou a ABI.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), também recordou da agressão sofrida no sábado, 2, por enfermeiros durante manifestação em Brasília. "No Brasil, infelizmente, lutamos contra o coronavírus e o vírus do extremismo, cujo pior efeito é ignorar a ciência e negar a realidade. O caminho será mais duro, mas a democracia e os brasileiros que querem paz vencerão", escreveu Maia no Twitter.

O governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB), foi ainda mais duro nas críticas aos manifestantes. "Milicianos ideológicos agridem covardemente profissionais de saúde num dia. Agridem profissionais de imprensa no outro. São criminosos que atacam a democracia e ferem o Estado de Direito. A Justiça precisa punir esses criminosos", declarou o governador.

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa foi criado pela Organização das Nações Unidades, em 1993, para celebrar o artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

O artigo em questão prevê que todos os seres humanos têm direito à liberdade de opinião e expressão. Este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios.

Apoio

Antes dos ataques, autoridades e organizações prestaram homenagens aos jornalistas e a liberdade de imprensa. Em Ribeirão Preto, o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) declarou que é fundamental para a democracia a liberdade de imprensa, com profissionais livres para trabalhar sem cerceamento ou coerção. 

"Por acreditar e defender a estreita relação entre a livre difusão da informação e o fortalecimento de práticas cidadãs e democráticas, deixo aqui, estas palavras em homenagem aos jornalistas que estão na linha de frente, neste momento em que o mundo atravessa, trazendo a todos, o direito à verdade", disse Nogueira.

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Roberto Barroso, também escreveu uma mensagem de apoio aos jornalistas no Twitter.

"Dia da liberdade de imprensa. Mais que nunca precisamos de jornalismo profissional de qualidade, com informações devidamente checadas, em busca da verdade possível, ainda que plural. Assim se combate o ódio, a mentira e a intolerância", afirmou o ministro.

O secretário-feral da ONU, António Guterres, lembrou do trabalho da imprensa no combate ao novo coronavírus. “Jornalistas e profissionais da mídia são cruciais para nos ajudar a tomar decisões informadas. À medida que o mundo luta contra a pandemia da Covid-19, essas decisões podem fazer a diferença entre a vida e a morte”, lembrou Guterres.

Também neste domingo, entidades que representam a imprensa assinaram um manifesto em defesa da liberdade de imprensa. O documento faz parte das ações da campanha que a Unesco e sete organizações lançaram para marcar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

"Em tempos de pandemia, assim como em tempos de guerra, jornalistas e comunicadores estão na linha de frente: eles se expõem e correm riscos na busca por informações precisas que ajudem na tomada de decisões e no atendimento à população mais vulnerável", consta na nota.

O documento é assinado pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (ABERT), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), a Associação Nacional de Jornais (ANJ), a Associação Nacional dos Editores de Revistas (ANER), a Associação de Jornalistas de Educação (JEDUCA) e o Instituto Palavra Aberta.

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Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

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