Especialista dá dicas sobre o que não falar para uma pessoa com depressão
Ao se deparar com pessoas que apresentam o sintoma da doença, é importante não tentar amenizá-la ou diminuí-la

Especialista dá dicas sobre o que não falar para uma pessoa com depressão

Segundo a psicóloga Alessandra Ackel Rodrigues, suporte e ajuda podem ser eficazes no tratamento

No início de 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a depressão é a principal causa de problemas de saúde e incapacidade em todo o mundo. As últimas estimativas apontam que mais de 300 milhões de pessoas no mundo vivem com esta doença, um aumento de mais de 18% entre 2005 e 2015.

A falta de apoio às pessoas com transtornos mentais, juntamente com o medo do estigma, impede que muitas pessoas acessem o tratamento que necessitam para viver vidas saudáveis e produtivas. A depressão pode aparecer em diversas idades, desde adolescentes até idosos, e por diversos motivos.

De acordo com Alessandra Ackel Rodrigues não se deve desqualificar o sofrimento de uma pessoa depressivaDe acordo com Alessandra Ackel Rodrigues, especialista em Psicologia Clínica, quando alguém se depara com uma pessoa que está em sofrimento, muitas vezes a primeira tentativa é amenizá-la ou diminuí-la.

“No entanto, ao fazer isso, podemos desqualificar ou invalidar o que a pessoa está sentindo. Uma pessoa que está em sofrimento precisa ser compreendida e, muitas vezes, apenas estar ao lado, sem nada a dizer, pode ser uma grande demonstração de empatia e respeito pelo sofrimento do outro”, fala a psicóloga.

Por esse motivo, segundo Alessandra, não se deve desqualificar o sofrimento da pessoa depressiva, dizendo-lhe coisas de senso comum, tais como que depressão é frescura e que a pessoa não melhora porque não quer ou não tem força de vontade. “Devemos deixar nossos julgamentos de lado e tentar compreender a dor da pessoa, partilhá-la e, acima de tudo, apoiá-la”, afirma.

Entre os passos para ajudar na melhora é preciso compreender o que, na vida de alguém com sintomas de depressão, influenciou no desenvolvimento da doença. Para isso, procurar ajuda psicológica é um passo fundamental para o processo de melhora.

“Quando um quadro depressivo se instala, há uma tendência ao isolamento social e desânimo para fazer coisas que a pessoa antes gostava de fazer. Por essa razão, contar com suporte social é muito importante, bem como o resgate de atividades prazerosas. A pessoa deprimida precisa ter acesso a fontes de prazer e satisfação que foram perdidas com o surgimento da depressão”, destaca a psicóloga.

Por fim, Alessandra diz que é natural que o desânimo se constitua como uma barreira a ser superada, por isso o tratamento começa com pequenas atividades, nas quais a pessoa experimenta novamente o que lhe agrada, o que faz com que aos poucos a frequência e intensidade dessas ações aumente, contribuindo para a melhora do quadro depressivo.

“Uma pessoa que está deprimida também pode ter uma tendência a enxergar tudo que lhe acontece de uma forma muito negativa. Nesse sentido, é importante que ela se lembre de seus recursos e forças pessoais, que ela consiga se valorizar pelas coisas que ela faz bem e que cuide da sua autoestima”, finaliza a especialista.

De acordo com a OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde), braço da OMS na América Latina, a depressão é um transtorno mental frequente. A doença acarreta à pessoa afetada um grande sofrimento e disfunção no trabalho, na escola ou no meio familiar. Se a pessoa apresentar sintomas relacionados à causa, é importante procurar um especialista e não tentar ajudar, sem antes ser ajudado.


Fotos: Divulgação

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