Biólogo Átila Iamarino cita estudo realizado pela USP de Ribeirão Preto durante live

Biólogo Átila Iamarino cita estudo realizado pela USP de Ribeirão Preto durante live

Pesquisa da USP estima que Brasil já tenha superado a marca de 1,6 milhão de casos do novo coronavírus

O biólogo e doutor em microbiologia, Átila Iamarino, mencionou um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto em transmissão ao vivo nas redes sociais realizada na noite de domingo, 3. Iamarino é um dos principais divulgadores científicos da internet brasileira e tem conquistado destaque nacional pelas informações que tem divulgado a respeito do novo coronavírus.

No vídeo, o biólogo cita que as medidas de isolamento social tomadas no Brasil foram rápidas e conseguiram, em um primeiro momento, conter a curva de evoluçaão da doença. Contudo, medidas de relaxamento da quarentena e desrespeito de parte da população, levaram o país de volta a um índice de crescimento perigoso.

"Estávamos indo super bem, até o [índice do] Brasil voltar a crescer. E agora, estamos crescendo como crescíamos antes, a caminho de passar pelo mesmo número de mortes diárias que teve a Itália, Espanha, Reino Unido e espero que não a caminho dos Estados Unidos, mas vai ser difícil não chegarmos lá", alertou o biólogo.

Iamarino também explicou que as medidas de relaxamento da quarentena só poderiam ser tomadas se o país mantivesse um índice de isolamento social de 70%. Na última semana, o índice em Ribeirão Preto ficou na casa dos 40%.

Para ilustrar que a doença ainda avança pelo país, o biólogo citou um estudo desenvolvido por pesquisadores da USP de Ribeirão Preto. Segundo o estudo, o Brasil possuí atualmente, cerca de 1,6 milhão de pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Até esta segunda-feira, 4, foram confirmados, com testes, 101 mil casos no País.

Um dos responsáveis pelo trabalho é o pesquisador Domingos Alves. Ele é é doutor em Física pela USP, e possui dois pós-doutorados, um pela Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e outro pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, nos quais ele realizou estudos sobre sistemas de informação ligados à saúde. 

O estudo realizado em parceria com outros cientistas, toma como base, entre outros fatores, um estudo realizado por pesquisadores estadunidenses, incluindo profissionais da Universidade de Yale.

A pesquisa norte-americana usa como "termômetro" para o vírus a situação na Coréia do Sul, um dos poucos países que têm conseguido realizar testes em massa, o que sugere que o cálculo da taxa de mortalidade é mais fidedigno em relação a outros locais. O que faz com que a taxa de mortalidade de lá seja considerada a padrão.

Portanto, considerando que a taxa de letalidade dos casos é fixa para a covid-19, o método faz um ajustamento da curva de casos com base no registro de óbitos, considerando que o indicador de óbitos é mais consolidado no Brasil, apesar de também haver relatos de subnotificação dos óbitos.

Além disso, a taxa de letalidade dos casos ainda é ajustada a partir de um deslocamento temporal entre o registro de óbitos e a confirmação de casos, seguindo um alerta publicado na revista científica The Lancet, porém, adaptado para a realidade brasileira.

Segundo Domingos, os dados serão atualizados na terça-feira, e já projetam um crescimento para 1,8 milhão de casos no país. "O Iamarino tem razão no seguinte ponto: as nossas estimativas estão baseadas no benchmark da Coréia do Sul que fez muitos testes. Todas as estimativas que ele citou reforçam o fato de que, em qualquer cenário apresentado, temos no mínimo, de sete a dez vezes mais casos do que tem sido notificado, e isso é muito importante", explicou o pesquisador.

O cientista explica que a falta de testes faz com que sejam notificados somente os casos de pessoas que foram internadas. "E isso é muito grave no sentido de se fazer um gerenciamento da epidemia", concluiu Domingos.

Monitoramento

Atualmente, o grupo do qual Domingos Alves faz parte mantém um site no qual que publica as suas pesquisa e previsões sobre o crescimento do coronavírus no Brasil. A pesquisa é feita em parceria com de cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade de Brasília (UnB).

No site, os pesquisadores monitoram em tempo real os dados fornecidos por fontes oficiais sobre a propagação do vírus no país. Além disso, utilizam ferramentas de análise cientificamente embasadas como forma de auxiliar os gestores, autoridades e a população de uma maneira geral, no enfrentamento do que eles chamam de "guerra" ao covid-19. 

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Foto: Maria Leonor de Calasans /USP

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