Ex-vereador diz que Sevandija foi seletiva e política
Samuel Zanferdini confirma que recebia currículos no gabinete, mas declara que não fazia negociações

Ex-vereador diz que Sevandija foi seletiva e política

Samuel Zanferdini prestou depoimento no Fórum de Ribeirão nesta segunda-feira, 30

O ex-vereador Samuel Zanferdini, um dos investigados pela Operação Sevandija por supostamente participar do esquema de favorecimento, por parte dos vereadores, de projetos de interesse do governo da ex-prefeita de Ribeirão Preto Dárcy Vera em troca de indicações, disse que não tem “dúvida que a Sevandija foi uma operação política”.

Zanferdini prestou depoimento nesta segunda-feira, 30, no Fórum de Ribeirão Preto, e afirmou que a operação, de acordo com ele, escolheu vereadores “a dedo”, que possivelmente estariam incomodando de alguma forma.

“Fiquei bastante indignado. Essa é uma acusação seletiva, no qual os acusados foram escolhidos a dedo. É difícil entender como havia uma organização criminosa, já que os acusados estiveram presentes em diferentes momentos no governo Dárcy Vera”, declarou o ex-vereador, que disse que a própria vida acabou depois da deflagração da operação e que teve até de mudar de município – atualmente mora em São Carlos.

Sobre as acusações apontadas pelo Ministério Público, de que ele supostamente negociou indicações de pessoas ligadas a ele, em troca de votações favoráveis ao governo Dárcy Vera, Zanferdini disse que era comum vereadores receberem currículos, e encaminharem para diversas empresas, não apenas para a Atmosphera.

“Certamente, como vereador e delegado conhecido na cidade, era uma boa referência”, afirmou Zanferdini, que apresentou uma série de documentos sobre votações na Câmara Municipal em que ele votou contrário às propostas apresentadas pelo Governo Dárcy Vera.

Ele ainda afirmou que esteve com o empresário Marcelo Plastino, proprietário da Atmosphera, duas vezes. A primeira foi um convite para realizar uma palestra para os funcionários, que não ocorreu, e outra, para receber explicações sobre a demissão de um parente que trabalhava na empresa, que ele afirma que não fez a indicação.

Sobre uma mensagem interceptada pela investigação, em que o ex-vereador falaria com o então secretário de Administração de Dárcy Vera, Marco Antonio dos Santos, discutindo sobre o afastamento de servidores, Zanferdini diz que os nomes são de pessoas que trabalhavam na prefeitura em cargos de confiança que teriam sido indicados pelo PMDB, partido do qual foi eleito em 2012, mas saiu ao se filiar ao PSD.

De acordo com ele, a conversa era para avisar Marco Antonio de que determinadas pessoas estariam fazendo campanha dentro de órgãos públicos para “outro candidato a prefeito”. “Imagina você dormir com o inimigo”, afirmou.


Foto: Ibraim Leão

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