Sevandija: testemunha relata compra de carros por ex-advogado do Sindicato dos Servidores
O advogado foi condenado pela Justiça na mesma ação que condenou a ex-prefeita Dárcy Vera

Sevandija: testemunha relata compra de carros por ex-advogado do Sindicato dos Servidores

Sandro Rovani teria movimentado R$ 315 mil a partir de cheques do escritório de Maria Zuely Librandi

Um empresário afirmou que o advogado Sandro Rovani, ex-advogado do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto e que foi condenado a 14 anos de prisão em decorrência das acusações na Operação Sevandija, utilizava cheques recebidos do escritório de Maria Zuely Librandi para comprar carros. O depoimento foi nesta quarta-feira, 12, no Fórum de Ribeirão Preto.

Elieser Silveira, proprietário de duas lojas de veículos, contou ao juiz da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, que negociou três automóveis com Sandro Rovani, em valores que variam entre R$ 66 mil e R$ 126 mil, que foram pagos com cheques do escritório Librandi & Librandi e de Paulo Roberto Nogueira, ex-sócio de uma empresa da qual Rovani foi advogado.

No total, eles teriam movimentado R$ 315 mil. No entanto, a loja de veículos teria devolvido R$ 126 mil a Rovani, em razão de uma desistência. O advogado teria adquirido um Kia Cerato e um Kia Sportage com esses cheques, no ano de 2016. Um dos depósitos foi realizado no dia 15 de agosto, semanas antes de ser deflagrada a Operação Sevandija, em 1º de setembro de 2016.

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A acusação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo é de que Sandro Rovani faria a lavagem de dinheiro da quantia recebida por ele no esquema que envolveria o pagamento de propina, por parte de Maria Zuely, para o recebimento de honorários advocatícios do caso dos 28,35%, que envolveria, entre outros, a ex-prefeita de Ribeirão Preto Dárcy Vera.

Silveira informou que mantinha apenas uma relação comercial – entre cliente e empresa - com Sandro Rovani, e que não conhecia a origem dos cheques, tomando conhecimento sobre a situação apenas quando recebeu um ofício do Gaeco.

O advogado de Sandro Rovani, Julio Mossin, após o depoimento, solicitou ao juiz um exame grafotécnico para analisar os cheques apresentados pela testemunha, e que estão anexados ao processo. De acordo com Mossin, a assinatura do cheque de valor de R$ 126 mil, que seria do negócio de que Sandro Rovani desistiu, não confere com a assinatura do advogado.  “O problema do cheque é que a assinatura do endosso não é do Sandro, e por isso a defesa vai pedir o exame de grafia nele”, completou Mossin.

Dinheiro na farmácia

Outra testemunha, essa arrolada pela defesa de Paulo Roberto Nogueira, informou que, em 2017, após a deflagração da operação, levou dinheiro em um envelope para ser entregue para um homem que seria namorado, à época, de Ana Cláudia Silveira, filha de Sandro Rovani.

O remetente seria o próprio Paulo Roberto, que, de acordo com o Gaeco, teria trocado cheques com Rovani. “Esse dinheiro está dentro da sistemática da transação do dinheiro, que o Paulo Roberto se prestou a movimentar para o Sandro. Para nós, não é novidade que Sandro recebeu, por intermédio do Paulo Roberto, alguma quantia”, comentou o promotor do Gaeco Frederico de Camargo.


Foto: Reprodução

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