Câmara acata vetos da Prefeitura no projeto de "terceirização das creches"
Emendas exigiam consultas públicas para estabelecer indicadores para as Organizações Sociais

Câmara acata vetos da Prefeitura no projeto de "terceirização das creches"

Veja o que mais foi discutido na sessão desta terça-feira, 3, na Câmara

A Câmara dos Vereadores acatou o veto parcial da Prefeitura ao projeto de lei das Organizações Sociais (OSs), conhecido como "terceirização das creches".

Os três parágrafos da emenda vetada obrigavam o poder público a realizar uma consulta pública prévia para estabelecer a relação de indicadores de qualidade e produtividade nos contratos de gestão.

O autor das emendas vetadas, Luciano Mega (PDT), criticou a atitude da Prefeitura."Não vejo porque, não deixar a população participar dessa tomada de decisão tão importante", declarou.

Votaram contrários ao veto os vereadores: Adauto Marmita (PL), Alessandro Maraca (MDB), Jean Corauci (PDT), Jorge Parada (PT), Lincoln Fernandes (PDT), Luciano Mega (PDT), Marinho Sampaio (MDB) e Marcos Papa (Rede). Os demais, votaram a favor.

Veja abaixo os parágrafos vetados:

Art. 9

1º. - O Poder público fica obrigado a realizar consulta pública prévia para estabelecer a relação de indicadores de qualidade e produtividade obrigatórios nos Contratos de Gestão;

2º. - Na consulta pública citada no parágrafo anterior fica o Poder Público obrigado a criar um canal de comunicação para receber sugestões da sociedade civil, com obrigatoriedade de divulgação no Diário Oficial;

3º. O Poder Público deverá analisar cada uma das sugestões encaminhadas na consulta pública, devendo emitir parecer individual sobre cada uma delas, justificando o motivo de serem acatadas ou não e dar publicidade às decisões.

Justificativa

À época da sanção do projeto, a Prefeitura justificou que o contrato de gestão será submetido previamente ao Conselho Municipal de Educação (CME). "Podendo analisar a proposta de indicadores da Secretaria Municipal da Educação. Informamos ainda, que já existe instrumento amplamente utilizado para a verificação da qualidade na educação infantil, denominado 'Indicadores de Qualidade da Educação Infantil - INDIQUE-EI", informou.

Sobre o canal de comunicação, o Executivo argumentou que a medida demandaria tempo e recursos que não dispõe no momento. "A criação de canal de comunicação, bem como a análise e justificativa individualizada de cada sugestão demandaria tempo, o que poderia comprometer o início do atendimento das crianças nas creches ainda neste ano letivo. Além disso, a criação de canal de comunicação demandaria recursos financeiros e de pessoal para o seu efetivo funcionamento, o que até então não haviam sido previstos", concluiu o Executivo.

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Mea culpa
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Ribeirão Preto, Luiz Vicente Corrêa, utilizou a tribuna para fazer um pedido de desculpas à Câmara. Corrêa admitiu que, em recente entrevista, criticou um contrato firmado entre a Câmara e uma empresa de limpeza.

O advogado afirmou que era uma "Câmara nova, mas com práticas velhas". Contudo, após contato da assessoria jurídica do legislativo, Corrêa teve acesso ao documento e concluiu que se tratava de um procedimento legal. A atitude do presidente da OAB foi aplaudida e elogiada pelos parlamentares. 

Atitude do presidente da OAB foi aplaudida pelos parlamentares

Combustível transparente

Foi derrubado um veto da Prefeitura ao projeto de lei que exige mais transparência na comercialização de combustíveis na cidade. O governo afirma que o projeto é inconstitucional. Um dos autores da proposta, Fabiano Guimarães (DEM), afirmou que a medida tem a chancela do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP).

"Não vejo subsídio jurídico na justificativa da Prefeitura. Até porque a Câmara vence a maioria das Adins [Ação Direta de Inconstitucionalidade] contra a Prefeitura", declarou o presidente da Câmara, Lincoln Fernandes (PDT).  Todos os vereadores, com exceção de Rodrigo Simões (PDT), votaram contrários ao veto.

O texto foi indicado pelo Núcleo Postos e apresentado por Guimarães e Maurício Gasparini (PSDB). A propositura obriga os postos de combustíveis a informarem ao cliente se a gasolina comercializada é refinada ou formulada.

Ambos os combustíveis têm comercialização autorizada pela Agência Nacional de Petróleo. A refinada é originária do petróleo, e é "pura. Sem nenhum outro composto. Já a formulada pode ser composta por até 20% de resíduos de destilação petroquímicos

"Aqui não"

Foi aprovado um pedido de urgência para que seja discutido na próxima sessão, de quinta-feira, 5, a concessão de uma área verde no bairro City Ribeirão, para a construção de um escritório da Fundação Rarev.

A concessão do terreno para fundação, destinada ao tratamento de pessoas com dependência química, corre o risco de ser barrada. Isso porque, segundo o líder governista, André Trindade (DEM), o texto foi analisado de maneira apressada, o que fez com que não fosse dada atenção ao local da obra.

Segundo o vereador Maurício Gasparini (PSDB), o local trata-se de uma área verde, que há tempos vem sendo debatida a preservação pelos moradores.

Antecipando possíveis críticas envolvendo o preconceito com os dependentes químicos, Gasparini afirmou que não há uma visão "segregacionista" por parte dos moradores, apenas que o local deve ser preservado.

Todavia, a posição foi vista com desconfiança pelo vereador Adauto Marmita (PL)."Não sei se é segregação ou não", declarou. Como exemplo, Marmita relembrou da Penitenciária no Parque Ribeirão. "Lá ninguém ligou para abaixo assinado da população", comentou.
 


Foto: Allan S. Ribeiro/Câmara Ribeirão

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