Jaboticabal: A Capital Nacional dos Filtros de Cerâmica
Grande maioria dos filtros de água vendidos no Brasil vem de indústrias jaboticabalenses, que até exportam produção
A tradição dos filtros de água em cerâmica conferiu fama nacional a Jaboticabal, que fornece a grande maioria dos que são vendidos por todo o Brasil. Atualmente, são produzidos no município 50 mil ao mês, em 17 fábricas de filtros e/ou velas filtrantes, de acordo com dados levantados pelo economista e professor universitário Julio Cesar Bellingieri. O segmento gera aproximadamente 400 empregos diretos na cidade – nessa conta não entram micro e pequenas empresas informais que produzem também outros tipos de objetos cerâmicos, como vasos, reservatórios de água e filtros em miniatura para decoração.
Bellingieri conta que foram os imigrantes italianos e portugueses os responsáveis por trazer a Jaboticabal, no início do século 20, técnicas de produção de artigos de cerâmica, servindo-se de jazidas de argila de excelente qualidade provenientes do rio Mogi Guaçu. “Em 1920, o italiano Victor Lamparelli iniciou a fabricação de filtros de barro, que já eram produzidos por outras cerâmicas do estado. Pouco depois, lançou o Filtro São João, que rapidamente ganhou mercado, em um período em que o país se urbanizava e persistiam problemas com abastecimento e epidemias causadas pelo consumo de água imprópria”, conta o economista.
Aproveitando-se da fama do filtro São João, outras empresas também passaram a produzir o item. Em 1947, a família Stéfani comprou a Cerâmica Lamparelli e deu novo impulso à empresa, transformando-a na maior fabricante de filtros do país. Nas décadas seguintes, outras empresas do ramo cresceram e novas surgiram para participar da conquista do mercado nacional. O produto passou a ser difundido como principal equipamento de filtração doméstica do país, tornando-se um símbolo da economia jaboticabalense.
A maior
A Cerâmica Stéfani é, hoje, a maior indústria do segmento de Jaboticabal, sendo responsável por cerca de 40% da produção municipal e exportando filtros para 45 países. Philip Paul De Stéfani Copley, diretor na empresa, conta que o mercado internacional, hoje, representa 10% de seu volume de negócios, e com forte tendência de crescimento.
Segundo ele, a produção mensal na empresa gira em torno de 30 mil peças de filtros de argila, 400 mil elementos filtrantes, 50 mil torneiras, 20 mil boias e 5 mil peças de filtros de plástico. “Ou seja, atualmente dedicamos 100% de nossa produção a filtros de água. Em caso de aumento da demanda, possuímos capacidade de duplicar essas quantidades”, afirma.
FOTO: Gustavo Vinicius Pinhal
