Delator da Têmis diz que vereador tinha equipe com voluntários para angariar contatos
Ruy Rodrigues Neto diz que Isaac Antunes (PR) mantinha uma equipe com 40 voluntários para reuniões na periferia do município
Um dos investigados na Operação Têmis, que apura supostas fraudes em processos judiciais encabeçados por advogados de Ribeirão Preto, Ruy Rodrigues Neto, disse em delação premiada que o vereador Isaac Antunes (PR) tinha uma equipe de 40 voluntários para angariar contatos de pessoas interessadas em limpar o nome em período pré-eleitoral.
Leia mais:
Investigado na Operação Têmis está em liberdade após negociação de delação premiada
Rodrigues Neto, que está em liberdade desde o início de fevereiro, afirmou em colaboração feita junto ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) que o escritório de advocacia cujos advogados são investigados bancava as reuniões sobre o ‘Muda Ribeirão’, movimento que Antunes participava, cedendo impressora, papel, além de pagar consultas ao banco de dados de serviços de proteção ao crédito, como SCPC e Serasa.
“[...] no primeiro semestre de 2016, cerca de seis meses antes das eleições e até o período eleitoral, eram feitas reuniões semanais, aos finais de semana em bairros da periferia de grande porte e outras menores diárias. Isaac tinha cerca de 40 voluntários para realizar reuniões aos finais de semana, sem a presença do pessoal do escritório [...]”, aponta trecho da delação, obtida pela reportagem do Portal Revide.
O colaborador ainda informa que, no início de 2016, a pedido de um dos advogados investigados na Têmis, foi ao escritório de campanha de Isaac Antunes, onde se encontrou com o então candidato a vereador e gravou um vídeo usando uma camiseta da ‘Muda Ribeirão’, convocando a população a participar das reuniões como voluntário do projeto.
“Assim, os voluntários de Isaac realizavam a captação de clientes para o escritório, bem como realizavam a campanha para ele”, declarou Rodrigues Neto na delação, que ainda disse que retirava kits preenchidos no escritório de campanha de Antunes com uma secretária.
Aos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, ele afirmou que, em decorrência da campanha, acredita que tenha obtido entre mil e 1,2 mil cadastros ou contratos.
O vereador Isaac Antunes (PR) anunciou no último dia 9 de fevereiro, que não se pronunciará mais sobre o caso. Ele nega que conheça ou tenha qualquer envolvimento com os investigados na operação, e diz que há um equívoco na associação do nome dele com o esquema, já que não está sendo investigado pelo MPSP.
Foto: Allan S. Ribeiro/Câmara