Carla Madeira fala sobre Tudo é Rio na Feira do Livro de Ribeirão Preto
Foto: Raiza Ferreira

Carla Madeira fala sobre Tudo é Rio na Feira do Livro de Ribeirão Preto

A autora mais lida do Brasil nos últimos dois anos falou sobre o polêmico livro

14 anos parado e, quando lançado, um grande sucesso. Este é o livro "Tudo é Rio", da autora mineira Carla Madeira. Prestes a completar 10 anos no mercado editorial, o romance de estreia de Carla levanta o sério questionamento do perdão. Com uma narrativa madura, séria e, ao mesmo tempo, delicada e poética, a autora foi bem recebida pela crítica e pelos leitores, apesar de o final dividir opiniões.



 

"Eu já fiz três romances e eu não acho que seja absolutamente igual a experiência, foram experiências diferentes. "Tudo é Rio" foi um jorro, fiquei 14 anos sem escrever depois que escrevi a cena de violência.", conta a autora. O livro começava de outra maneira: pela história das Marias e da Francisca, que depois aparecem na história. "Mas quando eu retornei para a escrita, fiquei oito meses escrevendo muito visceralmente, muito compulsivamente, muito sem conseguir largar. Às vezes eu ia fazer uma filmagem de trabalho, eu levava o computador, no meio do set, quando tinha alguma pausa, eu aproveitava para escrever, porque aquilo estava querendo acontecer. E, eu escrevi na ordem que o leitor lê.", comentou.



 

Além de "Tudo é Rio", Carla tem mais outros dois romances: "A Natureza da Mordida" e "Véspera", que também são sucessos editoriais e agradam ao público tanto quanto "Tudo é Rio". Por onde passa, Carla faz novos fãs. Foi assim com a fotógrafa Sté Frateschi, que conheceu a autora na Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto, enquanto cobria o evento. "Comprei o livro agora porque ouvi-la falando nos faz sentir vontade de entrar na história, sem contar que ela é de uma doçura incontável", contou nos bastidores. 



 

Durante o bate papo, Carla falou sobre uma das experiências mais marcantes que já teve: ter seu livro lido em presídios, através de um programa de redução de pena ofertado pelo Governo de Minas Gerais. "Ver aquelas pessoas que estavam isoladas, lendo meu livro, primeiro me assustou pelo teor da história, mas depois, quando escutei os relatos, me tocou de uma forma muito intensa. O relato mais marcante foi o de um preso que, ao ler o título disse entender que a situação em que ele se encontrava também passaria, assim como o rio que passa.", contou emocionada.



 

Ela, que não se considera uma autora de composição por não sentar para escrever uma história que já está pronta em sua cabeça, ela diz ser um processo de carpintaria, funcionando como um rodo, indo e puxando um pouquinho por vez. Ela está sempre relendo sua obra para conseguir avançar na história e costuma dizer que "É como se fosse uma montanha escura que eu tenho pequenas tochas, pequenos lugares que eu sei que vou querer passar, mas que ainda tenho que descobrir o caminho dessas cenas ou acontecimentos que eu sei que estarão no livro", comentou a autora que está no processo de escrita do seu quarto livro.



 

Sobre a experiência de estar presente na Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto, em uma discussão de clube de leitura, ela disse que só depois de publicar sua obra é que ela entendeu a ressonância de sua escrita nos leitores. "É muito legal, porque as pessoas sempre me surpreendem, sempre veem alguma coisa que eu não tinha visto, porque eu acho que quando a gente está escrevendo tem muito de inconsciente. É uma troca muito rica, estou super feliz de estar aqui, é uma Feira muito respeitada, uma Feira que faz encontros muito bacanas, estou só alegria."

 

Compartilhar: