Pequenos empresários sofrem com os cortes do governo na educação

Pequenos empresários sofrem com os cortes do governo na educação

Distribuidora de livros de Ribeirão Preto estima queda de 35% do faturamento

Em uma distribuidora de livros para universidades de Ribeirão Preto, o faturamento caiu 35% este ano, na comparação com 2014. O dono da empresa, José Élcio Juliani, acredita que a queda se deve a crise econômica que o País enfrenta, que afetou os repasses do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) pelo Governo Federal às instituições de ensino particulares.

“Mas não está tão ruim. A empresa está conseguindo se sustentar. Somos uma pequena empresa, com sete funcionários, então conseguimos nos planejar mesmo com a diminuição do mercado. Claro que tivemos de cortar despesas, não devemos aos bancos para não pagar os juros altos”, diz Juliani, que acredita que as micro e pequenas empresas precisam de um bom capital de giro para “seguir em frente”.

O empresário também diz que é preciso buscar novos mercados, procurando mais clientes no Brasil afora, como participar de novas cotações de livros para bibliotecas destas universidades.

Segundo a Associação Brasileira de Editores de Livros (Abrelivros), o mercado de materiais didáticos, incluindo os livros, continuará a passar por estagnação e recessão pelo menos até 2017.

De acordo com a entidade, o setor teve faturamento de 3,5 bilhões de reais em 2014, considerando livros didáticos e sistemas de ensino, destes, 40% das vendas foram para a rede pública.

"O setor de material didático de certa forma é um segmento que cresce a taxa vegetativas, é um setor maduro", disse o presidente da AbreLivros, Antonio Luiz Rios da Silva, a agência de notícias Reuters. Ele acredita que as grandes editoras enfrentarão menos dificuldades, pois podem apostar em fusões com outros grupos para “tentar buscar ganho de escala".

Exemplo desta nova formatação do setor foi a aquisição dos negócios de educação básica, técnica e superior do grupo Saraiva pela Editora Abril, dona das editoras Áticas e Scipione, no valor de R$ 750 milhões.

Cortes do governo afeta o mercada de livros didáticos

Em 2014, com cortes no orçamento do Governo Federal, o mercado de livros didáticos deixou de vender 40 milhões de exemplares, com a diminuição das verbas dos programas Pacto Nacional pela Educação na Idade Certa (Pnaic) e no Programa Nacional do Livro Didático, do Ministério da Educação.

Segundo o presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Marcos da Veiga Pereira, o governo precisa ampliar as políticas públicas para este setor, senão muitas pequenas editoras e distribuidoras de livros vão sofrer grandes impactos. “São editoras menores que contratam, autores, profissionais e perdem a capacidade de escoar os produtos”, afirma Pereira.

Nesta semana, algumas das maiores editoras de livros didáticos do Brasil, como as empresas do grupo Abril e Saraiva, que concentram quase 50% do mercado, informaram as vendas de quase 30 milhões de exemplares –somadas as duas – para a edição 2016 do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com faturamento de quase R$ 170 milhões.

O PNDL estima que adquiridos 63,5 milhões de livros para os estudantes em 2016, beneficiando 18,4 milhões de estudantes, queda de 36%, na comparação com a edição anterior do programa.

Revide Online
Leonardo Santos
Fotos: Divulgação e Arquivo Revide 

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