Diagnóstico precoce do Câncer de Próstata

Diagnóstico precoce do Câncer de Próstata

Exames regulares são importantes para evitar a evolução da doença que, quando diagnosticada no início, tem 90% de chance de cura. Avaliação começa aos 50 anos

A campanha mundial Novembro Azul acontece todos os anos com uma importante missão: estimular a avaliação médica do homem de maneira precoce, para identificar o câncer de próstata. Ainda alvos de preconceito, os exames regulares são fundamentais para evitar a evolução da enfermidade e a morte do paciente. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que, quando diagnosticada precocemente, a doença tem 90% de chance de cura.

De acordo com a oncologista Thaís Carvalho, o diagnóstico precoce faz toda a diferença. “A próstata é facilmente avaliável com o exame de toque, o que já pode revelar nódulo suspeito. Além disso, o exame de sangue, o PSA, contribui muito para o diagnóstico. Esta avaliação deve-se iniciar aos 50 anos, mas homens com parente próximo com história de câncer de próstata, com diagnóstico em idade menor que 50 anos, e pacientes negros devem começar a fazer essa investigação mais cedo, devido ao risco aumentado para o desenvolvimento da doença”, alerta.

A médica explica que a próstata é uma glândula que existe só nos homens e fica logo abaixo da bexiga. Em conjunto com a vesícula seminal, ela produz o fluido que é eliminado junto ao ejaculado, que ajuda a nutrir e proteger os espermatozoides. “Com o passar dos anos, a próstata vai aumentando seu tamanho, o que se chama hiperplasia benigna e, muitas vezes, pode estar associada à dificuldade urinária. Muitas vezes, os sintomas iniciais se confundem com os da hiperplasia benigna, que podem ser aumento da frequência urinária, sendo frequente o relato da necessidade de se levantar várias vezes a noite para urinar; esforço para urinar; diminuição do jato da urina; e dificuldade sexual. É, portanto, importante procurar um médico para avaliação e, com isso, fazer o diagnóstico preciso entre uma causa benigna ou maligna”, detalha.

O oncologista do InORP Oncoclínicas, Carlos Fruet, explica que o tratamento do câncer de próstata varia de acordo com a fase em que se detecta a doença. “Quanto mais precoce, mais eficaz o tratamento e, assim, maiores as chances de cura. Por isso, a grande importância das campanhas de rastreamento, como o Novembro Azul. A mensagem que fica é que quanto antes descobrirmos a doença, mais fácil o tratamento e menos chances de efeitos adversos”, afirma.

Segundo o médico, para alguns tipos de câncer de próstata que têm características de baixa agressividade, não há necessidade de tratamento específico. “Nesses casos, podemos utilizar uma estratégia chamada vigilância ativa e acompanhar bem de perto, já que as chances de complicação e morte pela doença são pequenas. Já para pacientes que têm tumores mais agressivos, mas ainda localizados apenas na próstata, optamos por tratamento cirúrgico, que consiste na retirada completa da glândula. Atualmente, damos preferência à técnica robótica, que propicia ao paciente menores chances de complicações, como incontinência urinária e impotência sexual, além de alta hospitalar bem mais precoce”, informa.

Fruet ainda esclarece como são os procedimentos em casos que a doença está em estágio mais avançado. “Para pacientes que não querem ou que não podem ser operados, utilizamos a estratégia de radioterapia, que tem eficácia bastante semelhante à cirurgia e tem efeitos colaterais bem aceitáveis com as técnicas mais modernas. Para pacientes com a doença mais avançada, como aqueles com metástases, o principal tratamento consiste no bloqueio da ação da testosterona, que pode ser feito através da cirurgia de retirada dos testículos, ou medicamentoso, através de injeção. Este tratamento pode levar a alguns efeitos colaterais, como fogachos – sensação de calor repentina –, impotência sexual, diminuição da libido, desânimo, entre outros”, detalha o oncologista.

Sinais e sintomas 

Em sua fase inicial, o câncer da próstata tem evolução silenciosa. Muitos pacientes não apresentam nenhum sintoma ou, quando apresentam, são semelhantes aos do crescimento benigno da próstata (hiperplasia benigna). Na fase avançada, pode provocar dor óssea, sintomas urinários ou, quando mais grave, infecção generalizada ou insuficiência renal. Os sintomas mais comuns são:

• Dificuldade de urinar;
• Demora em começar e terminar de urinar;
• Sangue na urina;
• Diminuição do jato de urina;
• Necessidade de urinar mais vezes
durante o dia ou à noite.

O QUE AUMENTA O RISCO?

• A idade é um fator de risco importante, uma vez que tanto a incidência quanto a mortalidade aumentam significativamente após os 50 anos.

• Pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos, podendo refletir tanto fatores genéticos (hereditários) quanto hábitos alimentares ou estilo de vida de risco de algumas famílias.

• Excesso de gordura corporal aumenta o risco de câncer de próstata avançado.

• Exposições a aminas aromáticas (comuns nas indústrias química, mecânica e de transformação de alumínio) arsênio (usado como conservante de madeira e como agrotóxico), produtos de petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas estão associadas ao câncer de próstata.


Fotos: Divulgação

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