Cícero Gomes afirma que não havia dinheiro na revista entregue por Marcelo Plastino
Segundo Gomes, dentro da revista havia pesquisas eleitorais e uma relação de possíveis candidatos à Câmara dos Vereadores

Cícero Gomes afirma que não havia dinheiro na revista entregue por Marcelo Plastino

O investigado na Operação Sevandija prestou depoimento na manhã desta quinta-feira, 23, no Fórum de Ribeirão Preto

O ex-vereador e presidente da Câmara de Ribeirão Preto, Cícero Gomes, afirmou que dentro da revista entregue pelo empresário Marcelo Plastino, morto em novembro de 2016, havia pesquisas eleitorais e uma relação de possíveis candidatos à Câmara dos Vereadores, que disputariam as eleições municipais pelo seu partido, o PMDB.

Investigado pela Operação Sevandija, Gomes prestou depoimento na manhã desta quinta-feira, 23, no Fórum de Ribeirão Preto. O ex-vereador declarou que nunca precisou de indicações para se eleger. Ele ainda acredita que as acusações contra ele na Sevandija, são um absurdo, já que nunca teria trocado apoio político em troca de favores ou indicações de funcionários para trabalharem na Atmosphera, empresa de Plastino. 

 “A relação com Dárcy Vera era de gato e cachorro. Nunca pedi nada a ela e, também não mantínhamos uma boa relação", afirmou o ex-vereador, que citou ao juízo uma série de votos contrários às propostas e projetos de interesse do governo da ex-prefeita.

Revista recheada
 
Sobre o recebimento de uma revista com um envelope de Marcelo Plastino, o ex-vereador negou que tinha dinheiro, e sim uma pesquisa eleitoral, já que o empresário tinha interesse na política do município.

"Ele me procurou em maio de 2016, dizendo que ia fazer duas pesquisas eleitorais visando às eleições. Ele disse que tinha interesse na política de Ribeirão Preto e pediu para eu analisar. Ele me entregou os esboços das perguntas, e também a relação de candidatos que possivelmente sairia pelo PMDB para eu conferir", explicou Gomes, que alegou que foi procurado três ou quatro vezes por Plastino, mas que negou propostas de almoço. 

Sobre os currículos encontrados em seu gabinete, ele afirmou que era comum as pessoas o procurarem na Câmara para fazer pedidos. "Coisas das mais variadas", e que a orientação nesses casos, era encaminhar os currículos às empresas e órgãos que estivessem realizando processos seletivos, porém, sem o interesse em contrapartidas. 

 “Essas listas são estranhas. Eu acho um absurdo. Minha vida pública é ser útil na vida das outras pessoas. Não apenas a minha família, que é importante, mas também àqueles que estão ao meu redor", declarou Cícero, que mais de uma vez afirmou que nunca precisou de cabo eleitoral, já que ele mesmo pedia seus votos.

Ele teceu muitas críticas aos vereadores da Câmara de Ribeirão Preto. Chegou chamar outros políticos de covardes e afirmar que eles propunham comissões parlamentares de inquérito (CPI) e requerimentos para fazer palanque eleitoral e aparecer na imprensa, mas sempre com preguiça de trabalhar. 

 “Já vi vereador fazer CPI para pegar propina. E não apenas da situação. Porém, a câmara de Ribeirão é a única do país que sempre aprovou comissões de inquérito e convocação de secretário. Nunca protegemos governo. Dárcy Vera mandar em mim? Jamais", afirmou Gomes, que disse que Sevandija foi terrível em sua vida.

"Organização Criminosa foi uma criação muito perfeita. Onde arrumaram essa história? Sempre rejeitei qualquer tipo de chantagem. Fiz política porque nasci para ser político", declarou o ex-vereador, que ainda disse que caso tivesse recebido propina, teria acumulado um patrimônio maior do que detém.


Foto: Ibraim Leão/Arquivo Revide

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