Sandro Rovani afirma ter depositado cheques recebidos da advogada Maria Zuely
O depoimento ocorreu na manhã desta quarta-feira, 29, no Fórum de Ribeirão Preto

Sandro Rovani afirma ter depositado cheques recebidos da advogada Maria Zuely

Segundo o réu, essas ordens de pagamentos eram depositadas em contas de empresas de seus clientes; o dinheiro era repassado ao ex-presidente do Sindicato dos Servidores, Wagner Rodrigues

O advogado Sandro Rovani, réu na Operação Sevandija, afirmou que depositava cheques recebidos da advogada Maria Zuely Librandi na conta de empresas que eram suas clientes. O motivo seria um pedido do ex-presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Wagner Rodrigues, para não ter problemas com a ex-advogada do Sindicato.

Rovani prestou depoimento nesta quarta-feira, 29, no Fórum de Ribeirão Preto, e foi questionado pelo promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) Frederico de Camargo sobre o destino que dava aos valores pagos por Zuely ao sindicato. A suspeita é de que o investigado faria a lavagem de dinheiro da propina paga a agentes públicos, como a ex-prefeita Dárcy Vera.

"Esses clientes também eram meus amigos, que estavam fazendo um favor para mim. Todo esse dinheiro foi repassado para o Wagner", declarou o advogado, que disse que o montante repassado a Rodrigues chegou a R$ 5,2 milhões - o ex-presidente do Sindicato afirma que recebeu cerca de R$ 1,2 milhão.

Questionado pelo promotor sobre o motivo de não depositar em sua própria conta os cheques para a compensação dos valores, ele disse que não tinha a intenção de misturar esse dinheiro com os próprios vencimentos e honorários, para não ter complicações na hora de declarar esse montante.

Rovani diz que recebeu cerca de R$ 1 milhão com os honorários por ter atuado na negociação entre Maria Zuely e Sindicato, porém, ele também teria recebido outros $ 120 mil, fruto de um empréstimo feito pela própria Maria Zuely, que afirmou ter recebido como forma de pagamento por ter intermediado o processo.

Ele declarou também que desconhece qualquer tipo de pagamento de propina feito a Dárcy Vera, assim como para o ex-secretário de Administração, Marco Antônio dos Santos, investigados do caso, pois isso facilitaria a liberação dos honorários. Todavia, o advogado disse que ouviu de Maria Zuely que um empréstimo também seria feito a Marco Antônio.

Ele ainda disse que acompanhava Rodrigues nos recebimentos de cheques a pedido de Maria Zuely, pois ela gostaria de contar com uma testemunha, isso porque, os pagamentos não contavam com nenhum tipo de recibo. A advogada dava dinheiro a Rodrigues, segundo ela, para cumprir um antigo acordo em que deveria pagar ao sindicato 30% do valor dos honorários advocatícios.

 Sandro Rovani foi questionado pela defesa de Wagner Rodrigues, realizada por Daniel Rondi, se chegou a negociar com o Ministério Público um acordo de delação premiada. Ele negou, entretanto, disse ao juiz da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, Lucio Alberto Enéas da Silva Ferreira, que logo após a delação de Rodrigues, em Outubro do ano passado, recebeu em seu escritório um envelope, sem remetente, com a colaboração do ex-presidente do Sindicato na íntegra. O que teria o deixado perplexo.

O advogado de Wagner Rodrigues disse após o depoimento que o cliente não teria motivos e o direito de mentir, já que é o colaborador do caso.


Foto: Leonardo Santos

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