"Não sei como devolver o dinheiro, não tenho nada nos bancos", diz Wagner Rodrigues
Audiências fazem parte da Operação Sevandija, deflagrada em Ribeirão Preto, em setembro de 2016

"Não sei como devolver o dinheiro, não tenho nada nos bancos", diz Wagner Rodrigues

Ex-presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto prestou depoimento nesta segunda-feira, 19

O ex-presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto Wagner Rodrigues disse, em depoimento no Fórum, na manhã desta segunda-feira, 20, que não sabe como ressarcir os cofres públicos pelo dinheiro recebido por ele como forma de propina para adulterar atas do sindicato em favor da liberação dos honorários adventícios de Maria Zuely Librandi. A oitiva de Rodrigues faz parte da série de testemunhos relacionados à Operação Sevandija, deflagrada na cidade em setembro de 2016, que apura atos de corrupção na administração municipal.

Rodrigues afirmou que gastou R$ 1,2 milhão recebido como vantagem. O dinheiro era utilizado para ajudar amigos e para compras pessoais. "Quando me toquei de guardar algo, o dinheiro já havia acabado", declarou o ex-presidente do sindicato, que apontou que só foram bloqueados em suas contas R$ 3, R$ 53 e o salário de servidor, em três bancos em que mantém contas-correntes. Ele ainda afirmou que os vencimentos eram de R$ 8 mil ao mês, sendo R$ 5 mil de representação sindical.

"Eu estou aqui para ver o que posso fazer. Eu não sei como vou devolver. Não tenho nada nos bancos. Apenas um imóvel na Cohab. Tenho nada", afirmou Rodrigues, que confirmou que o dinheiro era depositado em sua conta por Sandro Rovani, advogado do sindicato e intermediário do esquema. Ele ainda disse que, por seis vezes, recebeu cheques de Maria Zuely, nos valores entre R$ 80 e R$ 90 mil. O ex-presidente do sindicato teria gasto parte do dinheiro em uma festa da cerimônia de união dele com a atual companheira, no valor de R$ 30 mil, realizada em Fortaleza/CE.

Rodrigues declarou que a ata da reunião em que ficou definido o pagamento dos honorários advocatícios passou pelas mãos de Rovani antes de ser levada à Justiça para a homologação do acordo. 

"Não tenho dúvidas. Essa seria uma forma de enganar a Justiça", declarou ao ser questionado por seu advogado. 
O ex-presidente do sindicato ainda disse, ao longo do depoimento, que não tinha as chaves do escritório de Rovani, e que, por isso, não seria possível ter "plantado" a lista da divisão da propina dos honorários. 

"Se um dia você precisar, está aqui. Foi o que me disse o Sandro em seu escritório, apontando o livro em que estava essa lista com a repartição dos valores", afirmou.


Foto: Arquivo Revide

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