Diretório estadual do PSL se manifesta sobre disputa no partido em Ribeirão Preto

Diretório estadual do PSL se manifesta sobre disputa no partido em Ribeirão Preto

Brigas internas e trocas de acusações marcam disputa eleitoral no partido com maior tempo de TV e rádio

O diretório estadual do Partido Social Liberal (PSL) se posicionou a respeito da disputa interna que a legenda enfrenta em Ribeirão Preto para as eleições 2020. Segundo comunicado assinado no domingo, 20, o partido manterá a indicação do Capitão Del Vecchio como vice na chapa com Cris Bezzera do MDB. Com o resultado nas últimas eleições gerais, o PSL será o partido com o maior tempo de propaganda eleitoral na TV e rádio.

A formação de uma chapa com o MDB desagradou alguns membros do partido. O engenheiro Rodrigo Junnqueira, ex-presidente da legenda foi um deles. A ala autointitulada "bolsonarista" do PSL, da qual Junqueira faz parte, alega  que a convenção do partido ocorreu fora dos trâmites legais. Inclusive, alguns dos presentes ainda não eram filiados ao PSL.

Por isso, Junqueira entrou com um agravo de instrumento no Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo (TRE) para que uma nova convenção fosse realizada e ele fosse indicado como candidato pelo partido.

Assim, o Tribunal concedeu, em caráter parcial, a liminar para a  realização de uma nova convenção partidária e Junqueira foi oficializado como candidato. Apesar disso, o TRE ainda analisa a validade das convenções.

Em nota, o PSL estadual, que é presidido pelo deputado Junior Bozzela, informou que aguarda com "serenidade" a decisão da justiça eleitoral sobre o imbróglio. O diretório estadual acrescenta que o afastamento de Junqueira da presidência ocorreu por solicitação da maioria dos membros da executiva provisória municipal, outros dois membros também foram afastados.

"O presidente afastado tentou uma liminar em Ribeirão Preto e não conseguiu. Buscou então uma liminar no TRE-SP, obtida parcialmente, exclusivamente para poder realizar a convenção. Quando os atuais membros da atual executiva, que também faziam parte da composição anterior, compareceram para votar foram expulsos sob ameaça de violência", escreveu o diretório estadual.

Acusações

O diretório municipal do PSL é comandado atualmente por uma comissão provisória, que tem como presidente pelo candidato a vereador, Caio Abraham. Em nota, a comissão provisória foi mais incisiva nas críticas ao ex-presidente.

"Os departamentos jurídico e contábil do partido em Ribeirão Preto identificaram diversas irregularidades na gestão do filiado Rodrigo Junqueira. Além disso várias informações acompanhadas de evidências e provas sobre desvio de conduta do ex-dirigente partidário também foi apresentado", escreveu o partido.

Segundo a nota do PSL de Ribeirão Preto, as irregularidades cometidas durante a gestão de Junqueira seriam as seguintes: "Uso indevido do nome do partido para fins particulares; Contrair dívidas em nome do partido sem autorização; Contrair dívidas em nome do partido para fins particulares; Falsidade ideológica e perseguição política contra filiados do PSL", alegam.

"Lamentamos profundamente tudo o que está ocorrendo com o filiado Rodrigo Junqueira, por outro lado o partido, a coletividade, não pode ser prejudicada por interesses individuais de qualquer membro.  É necessário agir com equilíbrio e responsabilidade", declarou Abraham.

Desde o início das disputas no partido, as redes sociais tem sido palco de troca de farpas e acusações entre os membros do partido. Circula um documento de uma possível divida que Junqueira contraiu com a locação de carros, em nome do partido, no Rio de Janeiro. Entre janeiro e agosto de 2020, o engenheiro teria gastado cerca de R$ 25 mil.

Também é compartilhado entre os membros do partido um boletim de ocorrência aberto contra Junqueira. No boletim, um mecânico acusa o candidato de não ter pago uma dívida de R$ 4,5 mil por um reparo em seu automóvel. O boletim foi aberto há um mês, no dia 25 de agosto, pela internet 

Outro lado

Em nota, o grupo de Junqueira alega que o diretório provisório fez acordos "não republicanos" com o MDB. E que o comando do partido teria sido trocado em uma "canetada". Sobre a acusação de que os filiados teriam sido intimidados durante a convenção, o grupo afirmou que se tratou de um "bate boca natural  entre concorrentes, sem nenhum entrevero físico".

Abaixo, segue a nota na qual Junqueira rechaça as acusações. 

a) Uso indevido do nome do partido para fins particulares e contrair dívidas em nome do partido: 

A dívida alegada foi feita em nome do partido para aluguel de um veículo na empresa Localiza Rent a Car de Ribeirão Preto, após promessa pessoal e verbal do Presidente do Diretório Provisório Estadual, Deputado Bozzella, ao Presidente do Diretório Municipal de Ribeirão Preto, Rodrigo Junqueira, de repasse dos valores referentes ao Fundo Partidário, o que é absolutamente normal, legal e corriqueiro dentro dos partidos políticos, com a finalidade de cobrir despesas do Presidente com a montagem da  chapa de 33 candidatos a vereador, sendo que para se conseguir esse objetivo foram necessárias muitas visitas às residências das pessoas, possíveis candidatos e candidatas,  num trabalho de convencimento constante e permanente que só quem faz sabe como é. 

Vale ressaltar que a promessa de repasse não foi cumprida e todas as despesas do Diretório de Ribeirão Preto, desde 2018, têm sido arcadas pessoalmente por Rodrigo Junqueira, inclusive o pagamento desse veículo, já em fase de renegociação com a "Localiza" para ser repassada a dívida do CNPJ do partido para o nome pessoa física do condutor Rodrigo Junqueira que irá arcar com mais essa despesa, além de combustível e outras.

b) Perseguição política ao único atual "vereador" da chapa do PSL (Paulo Modas):

Em primeiro lugar, é bom esclarecer que quem convidou o vereador Paulo Modas à entrar no PSL Ribeirão, foi o então Presidente Rodrigo Junqueira. Feito esse esclarecimento, vamos aos fatos:  o Diretório Municipal da canetada tem 11 membros, desses, 6 são empregados e familiares do Sr. vereador Paulo Modas. Desses seis indicados pelo vereador, constatamos  que 4 estão em situações irregulares, ou seja, não são filiados regulares do PSL, conforme consta em certidões atualizadas obtidas junto ao TSE (estão filiados ao PROS) e confirmadas pelos Cartórios Eleitorais de Ribeirão Preto e pelo próprio Diretório Nacional do PSL, ao qual mantemos contatos permanentes com o Dr. Antonio Rueda, Vice Presidente Nacional e principal interlocutor e defensor da volta do Presidente Bolsonaro ao PSL.  

Os 4 membros não filiados votaram na Convenção da canetada, o que visivelmente prejudica a validade dessa convenção e pode configurar crime eleitoral e de falsidade ideológica, estando os responsáveis (incluindo possivelmente o vereador Paulo Modas e Caio Abraham) sujeitos às penalidades da lei.  Por esse motivo, Rodrigo Junqueira resolveu, pelo bem do próprio partido, não dar legenda a um vereador que pode ser processado e, eventualmente condenado, vir a prejudicar a imagem do partido e do possível governo Junqueira em Ribeirão. 

c) Propaganda Irregular:

Este item já foi amplamente debatido nas mídias sociais e Rodrigo Junqueira afirma que as placas foram colocadas por apoiadores anônimos na tentativa de firmar o seu posicionamento como pré-candidato que ele  até então ainda não era. 


Foto: Reprodução

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