Defesa de Dárcy Vera diz que delação de Wagner Rodrigues é mentirosa
Advogada de Dárcy Vera afirma que delação premiada de Rodrigues não deixou claro quais seriam as "contrapartidas financeiras"

Defesa de Dárcy Vera diz que delação de Wagner Rodrigues é mentirosa

O ex-presidente do Sindicato dos Servidores de Ribeirão Preto prestou depoimento no Fórum de Ribeirão Preto, nesta segunda-feira, 20

Ao longo de seu depoimento, o ex-presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto Wagner Rodrigues, delator na Operação Sevandija, afirmou que não entendia a necessidade da participação da ex-prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera, e do ex-secretário de Administração, Marco Antonio dos Santos, no esquema de recebimento de propina para liberação dos honorários advocatícios para a advogada Maria Zuely Librandi.

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Isso porque ele acredita que bastaria um acordo entre as partes, no caso, a advogada e o Sindicato dos Servidores Municipais. Todavia, ele declarou que, ao longo das negociações para repartição do dinheiro, os dois seriam fundamentais para que fosse sacramentado o pagamento dos honorários advocatícios, referentes à recomposição das perdas do Plano Collor, no acordo dos 28,35%.

“Com certeza, eles eram fundamentais. Porque, sem o direcionamento de como seria pago esse dinheiro, ficaria muito difícil”, declarou Rodrigues, que disse que a liberação do dinheiro para o pagamento de Maria Zuely Librandi, dependia do ex-secretário de Administração.

“O grande medo de Maria Zuely é que ele cobrasse mais”, afirmou. Já sobre a suposta participação de Dárcy Vera no esquema, o sindicalista afirmou que não havia presenciado pagamentos à ex-prefeita, mas garante que ocorreram, embora não saiba dizer a quantia.

As defesas de Marco Antonio e de Dárcy Vera acreditam que a delação de Rodrigues é mentirosa, inclusive, apontam que ele entrou em contradição diversas vezes ao longo do depoimento e, também, da delação, fechada junto ao Ministério Público.

“Essa é uma delação mentirosa, apresentada a conta gotas, inclusive no que tange às contrapartidas financeiras”, declarou ao término da audiência a advogada Maria Cláudia de Seixas, que defende a ex-prefeita Dárcy Vera. Cláudia ainda afirmou que Wagner Rodrigues não está levando em consideração que o processo de delação premiada é sério e que deve ser conclusivo.

Rodrigues, em diversos momentos do depoimento e da delação, não soube precisar os valores recebidos por ele e demais investigados, nem de que forma eles foram feitos à ex-prefeita, já que ele não presenciou pagamentos.

Onde está R$ 1,2 milhão?

Em depoimento, Wagner Rodrigues afirmou que achava que era legal o recebimento do “agrado” pela advogada Maria Zuely. A propina teria sido paga por intermédio do também advogado Sandro Rovani, para que Rodrigues mudasse de posicionamento sobre o pagamento dos honorários advocatícios a advogada.

O dinheiro, cerca de R$ 1,2 milhão, segundo o delator, foi totalmente gasto, e ele diz que não teve nenhuma intenção de lesar os cofres públicos. O ex-presidente do sindicato ainda afirmou que não tem como ressarcir o dinheiro, embora diga que está disposto a trabalhar “até o fim da vida”.

Entre os gastos que Rodrigues fez com esse dinheiro, estão a compra de carros, inclusive uma van, para uma empresa de transportes que ele pretendia fundar, além de viagens realizadas, inclusive para o exterior. Como o dinheiro foi recebido gradualmente, e não todo de uma vez, ele disse que não teve controle dos pagamentos e, por isso, teria gastado tudo.

“Não tinha intenção de ocultar esse dinheiro. Hoje não tenho carros. Tenho dois financiamentos em meu nome, mas nem sou eu quem paga”, declarou Rodrigues no depoimento, que ainda disse que parte do dinheiro serviu para pagar um empréstimo feito junto à atual companheira, que havia cedido a ele aproximadamente R$ 400 mil.

A companheira do ex-presidente do sindicato chegou a fazer depósitos nas contas-bancárias da mãe e de um sobrinho que vivem em Fortaleza-CE. Ele afirma que o dinheiro é proveniente do divórcio dela.


Foto: Julio Sian/ Arquivo Revide

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