Marketing pessoal no universo corporativo

Marketing pessoal no universo corporativo

O advogado Alexandre Assaf Filho explica que é preciso resiliência e aperfeiçoamento profissional contínuo para construir uma imagem séria, ética e estruturada no mundo dos negócios

Com vasta experiência em atuação na advocacia corporativa junto a empreendedores, o advogado Alexandre Assaf Filho mantém o blog “Contemporâneo” no Portal Revide, onde compartilha o conhecimento e a cultura de nossa sociedade, e suas diversas organizações, com foco na atividade empresarial. Nesta entrevista, ele aborda a importância do marketing pessoal nas companhias, como se destacar em meio à concorrência e como definir as estratégias sem colocar a ética de lado.

 

O que é marketing pessoal?

O marketing pessoal é o conjunto de estratégias da pessoa inseridas no seu planejamento profissional, seja para conquistar uma nova posição no mercado de trabalho ou para manter a posição atual, enquanto líder de sua marca pessoal, capaz de lhe auferir valor e vantagens competitivas.

 

Quais são as competências fundamentais para o marketing pessoal no mundo corporativo?

 

Formação, qualidade, conhecimento, conteúdo, competências, habilidades, atitudes, oratória, comportamentos e imagem, enquanto retrato de um produto. Todos nós temos o nosso valor e precisamos saber qual é para acionar o gatilho por meio de uma comunicação coesa e assertiva, alinhada a uma coerência de atitudes no âmbito pessoal e profissional.

 

A assertividade não está somente na fala, nas palavras, mas também nas atitudes não verbais, porque o receptor, muitas vezes, percebe mais coisas na linguagem não verbal. Por isso, é imprescindível ter atenção quanto às suas atitudes, dress code e comportamentos, etc.

 

Há, também, a necessidade de desenvolver soft skills, que nada mais são que as habilidades comportamentais relacionadas à maneira como o profissional interage com o outro e consigo mesmo em todas as situações no trabalho. Como exemplo, cito princípios éticos, confiança, atitude positiva, motivação, trabalho em equipe, organização e gestão do tempo, capacidade de trabalhar sob pressão, comunicação, flexibilidade e segurança.

 

Como os profissionais podem se diferenciar uns dos outros e gerar vantagens competitivas no mercado de trabalho?

 

O marketing voltado para valor se fundamenta na ética e na responsabilidade social, porque percebe e entende a sua importância em todo o contexto econômico. O caminho é de via dupla, em favor da organização onde você está inserido, da equipe, em uma visão macro, e não para satisfazer o ego individual.

 

A marca pessoal é o que está na mente das pessoas que convivem com você. A imagem pessoal é estar adequado às situações pessoais, profissionais e à empresa na qual você quer estar inserido, mas sempre com responsabilidade e ética. Noutros termos, a sociedade avalia as pessoas não somente pela imagem, embora estejamos vivendo em um mundo visual, mas também pelo comportamento capaz de transmitir informações e estabelecer imagens; a sua conduta profissional e pública, o que é exposto nas mídias sociais, dentre outros.

 

É inconteste o fato de a imagem pessoal transmitir sempre mensagens, que tanto podem ser positivas como negativas. Você já pensou em gerar valor com a sua marca pessoal? Sabe que é possível monetizar a marca aproveitando quem você é? Dúvidas suscitadas do tipo ‘sei fazer, mas não sei vender’ são bastante comuns. Há de erigir a seguinte observação: o marketing pessoal é um conjunto de ações planejadas que facilitam – mas não garantem, por si só – a obtenção de sucesso, tanto profissional como pessoal.

 

Por óbvio, a formação e a capacitação profissional são imprescindíveis, aliadas ao poder de comunicação, porque só conseguimos ser eficientes se soubermos a exata maneira de desenvolver os trabalhos que nos são pertinentes e, quanto mais eficientes, maior a possibilidade de atingirmos a eficácia e criarmos um diferencial efetivo.

 

Como definir as estratégias de marketing pessoal nas empresas sem colocar a ética de lado?

 

Corriqueiramente, é dito de maneira pejorativa ou até agressiva que pessoas sem ética fazem de tudo para ‘aparecer’, com o intuito de se autopromover a qualquer custo, com requintes maquiavélicos. Contudo, temos que compreender que isso não é marketing pessoal, mas sim, procedimentos e comportamentos errôneos e desgovernados.

 

Marketing pessoal, como dissemos, é a utilização séria e responsável de ferramentas, como o LinkedIn, Instagram, Site; E-book, Webinar, YouTube, dentre outros, em conjunto com o conhecimento e qualidades acima expostas que, pautadas principalmente em planejamento e organização, direcionam os relacionamentos tanto pessoais como profissionais. Os profissionais não são somente reativos às mudanças ocorridas no mercado, mas proativos, mudando mercados e ambientes para conquistar uma posição mais competitiva, mas sempre com responsabilidade social.

 

Neste contexto, gosto muito de uma frase atribuída a Steve Jobs: ‘As pessoas que são loucas o suficiente para achar que podem mudar o mundo são as que, de fato, mudam’. É preciso entender que não são atitudes esparsas que nos levam ao sucesso repentino, e nem sorte, embora ela seja bem-vinda. É fundamental saber onde queremos chegar, ter objetivos, estratégias e posturas corretas. É isso que nos ajudará a atingir nossos objetivos, mas, para tanto, precisamos de muita resiliência e aperfeiçoamento profissional contínuo, porque é assim que vamos, paulatinamente, construindo uma imagem séria, ética e estruturada.

 

Nos dias de hoje, a concorrência é muito grande e há diversas opções de empresas e serviços. Através do marketing pessoal, como fazer para uma companhia se destacar e, assim, conquistar e fidelizar o cliente?

 

 A temática reforça a necessidade de adotarmos uma abordagem de gestão que favoreça uma consciência maior sobre o propósito do negócio, suas relações com os seus públicos; abrange todos os stakeholders corporativos: acionistas, clientes, colaboradores, comunidade, concorrência, equipe envolvida em um projeto, fornecedores, terceirizados, gestores, mídia, governo e sindicatos e seus impactos para a sociedade.

 

As questões ambientais, sociais e de governança (ESG) devem ser elementos intrínsecos à cultura empresarial. Precisam estar alinhadas à estratégia e ao propósito do negócio. Todavia, o êxito do marketing pessoal só se faz de maneira efetiva a partir de ações conjuntas, com propósitos que convergem para o bem comum, por meio de exemplos concretos do seu comando diretivo, ou seja, pelo engajamento. O marketing pessoal não difere do marketing de produto ou de serviço. Sua função primordial é criar valor, estabelecendo credibilidade e confiança. 


Foto: Luan Porto

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